Um Casarão localizado na quase bicentenária Guarapuava, nada de anormal se não fosse a única construção colonial em torno da Praça 9 De Dezembro. Este é o museu Visconde de Guarapuava que durante décadas preserva a cultura guarapuavana, além de guardar ilustres objetos da cultura europeia.
O monumento preserva traços de um Brasil imperial, foi construído por volta de 1841, por mãos de escravos. Nele viveu Antônio de Sá Camargo, o Visconde de Guarapuava, que comprou o casarão depois de deixar suas terras "Fazenda da Boa Cria" que se localiza no municipio de Pinhão, região de Guarapuava. Atualmente, essas terras pertencem a uma família da região, como conta Rosana Ferreira, professora de História e funcionária do museu.
Antônio de Sá Camargo recebeu seu título de Visconde das mãos de D. Pedro II, isso por sua bravura na Guerra do Paraguai e pelos serviços prestados ao Império. No casarão de sua nova cidade, castigou escravos dentro de uma pequena senzala, que ainda hoje resiste em ruínas. Depois da morte do Visconde, o casarão foi deixado para seus sobrinhos, ja que ele não deixou filhos, conta a historiadora. A Residência foi alugada e se tornou uma pensão, depois residência de duas senhoras, sala de aula e até uma biblioteca. No ano de 1948 foi comprado pela prefeitura de Guarapuava e transformado em museu.
A casa grande não preserva a sua arquitetura original, a cozinha que ficava ao lado da senzala foi demolida, o terreno que se estendia até ao calçadão foi reduzido, mas a construção ainda preserva grande parte da sua originalidade, porém dos objetos que podem ser apreciados pelos visitantes e turistas nada pertenceu ao lendário Visconde.
Esses objetos foram doados pelas mais importantes famílias guarapuavanas, todos pertenciam aos seus antepassados, a maioria de origem europeia. Existem objetos simples como lamparinas, lampiões, e ferros de passar a brasa. Também podem ser encontradas as tradicionais panelas de ferro e talheres, existe também uma finíssima sopeira em porcelana inglesa, datada de 1888, e um relógio alemão de 1930.
Objetos que eram usados pelos escravos, mas que não pertenceram ao visconde, como ressalta Rosana, são encontrados também, e podem gerar na cabeça dos visitantes uma ideia de como era o trabalho. São Manjolos, forno de torrar farinha, além da palmatória usada para os castigos. A arte também aparece retratada em esculturas, tanto de madeira como de argila e nos quadros retratados por artistas guarapuavanos e paranaenses, inclusive o retrato do Visconde de Guarapuava.
O casarão resiste ao tempo, hoje se destaca entre as construções gigantes e modernas. De fora vemos um passado que com o tempo foi cercado pelo presente, mas que não perdeu a elegância e nobreza. Dentro vemos objetos que ilustram o passado das famílias e da cidade, um passado que ajudou a escrever e estruturar o presente e o futuro.
Comentários
Postar um comentário