Pular para o conteúdo principal

"Liberdade de expressão! Deixa eu falar, filho da ****! Expressão!”

            15 de agosto de 1969. Nascia o símbolo da contracultura, o Woodstock.  Lemas como paz e amor, sexo, drogas & rock n’ roll foram implantados. Roupas foram, por vezes, abolidas e a música do The Who, Janis Joplin e de tantos outros artistas embalou 500.000 pessoas.
 
            22 de junho de 2011. O Festival de Glastonbury completa 41 anos e abre os portões da Fazenda  Worthy esperando 150.000 pessoas ao som de Thom Yorke, Coldplay, Beyoncé e mais 300 e tantas outras apresentações não necessariamente musicais.
 
            26 de junho de 2011, parada Gay de São Paulo. Com um itinerário que prevê dez horas de música eletrônica, feira cultural e ciclo de debates, o público estimado será de cerca de 3 mil pessoas.
 
             Penso em palavras-chave para decifrar esse mundo de diversidade e o que me vem de imediato à cabeça é aceitação e coragem. Acho engraçado falar em “aceitar” pessoas. “Aceitar” que eu goste mais do Keith do que do Mick, ou “aceitar” que eu prefiro ficar deitada a ter que fazer exercício físico, “aceitar” que todos temos diferenças e “blábláblá whiskas sachê”.
 
            Também acho que aqueles que participam da Parada Gay, por exemplo, têm muita coragem. Coragem para gritar pro mundo inteiro que não há vergonha nenhuma em ser homossexual e que ser feliz deveria estar na Constituição Federal. Ah, isso sim deveria ser lei.
 
            Citei exemplos como o Woodstock, o Glastonbury e a Parada Gay por motivos óbvios. Não sejamos hipócritas: somos 7 bilhões de pessoas no mundo que buscam aceitação, seja lá de quem for. Dos pais, dos filhos, dos amigos, do chefe. Participar de um evento desses é falar um palavrão bem alto e avisar que sim, você é feliz sendo quem é.
 
            Buscamos expressar que não somos de uma geração ovelha negra, e sim, de uma geração que preferiu fazer as próprias escolhas ao invés de viver amordaçado. Passamos o tempo de ditaduras, passamos o tempo em que optar não era opção, passamos o tempo em que a obrigação falava mais alto que o sentimento.
 
Hoje nós estamos aqui, firmes, fortes, jogando glitter, com a bota suja de lama ou cantando Imagine como mantra. Nós estamos aqui vestindo aquilo que você não aprova, fazendo o que você acha fora da lei, ouvindo quem você não gosta e tentando exercer a minha liberdade de expressão. A minha, a sua, e a de todo mundo que não considera a palavra diversidade como ofensa, e sim, como diferenças humanas livres de preconceitos.

_______
Crônica inspirada na sessão de fotos da Folha de São Paulo divulgada dia 22/06/2011
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/3364-glastonbury-2011#foto-66574

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO DA OBRA "VÁRIAS HISTÓRIAS", DE MACHADO DE ASSIS

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de família pobre e mulato, sofreu preconceito, e  perdeu a mãe na infância, sendo criado pela madrasta. Apesar das adversidades, conseguiu se instruir. Em 1856 entrou como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional. Posteriormente atuou como revisor, colaborou com várias revistas e jornais, e trabalhou como funcionário público. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Algumas de suas obras são Memórias Póstumas de Brás Cubas , Quincas Borba , O Alienista , Helena , Dom Casmurro e Memorial de Aires . Faleceu em 29 de setembro de 1908. Contexto Histórico Várias histórias foi publicado em 1896, fazendo parte do período realista de Machado de Assis. Os contos da obra são profundamente marcados pela análise psicológica das personagens, além da erudição e intertextualidade que transparecem, como por ex., referências à música clássica, a clássicos da literatura, bem c

Pintores Paranaenses

A partir do século XIX, a pintura passou a se desenvolver no Paraná, incentivada por pintores como o imigrante norueguês Alfredo Andersen, e Guido Viaro, o segundo vindo da Itália. Ambos dedicaram-se ao ensino das artes visuais, além de pintarem suas obras inspiradas principalmente nas paisagens e temas do cotidiano paranaense. Responsáveis também pela formação de novas gerações de artistas no estado, como o exemplo de Lange Morretes, Gustavo Kopp e Theodoro de Bona, todos nascidos no Paraná. Alfredo Andersen, apesar de norueguês, viveu muitos anos em Curitiba e Paranaguá, e ainda hoje é tipo como o pai da pintura paranaense. Foi ele o primeiro artista plástico atuar profissionalmente e a incentivar o ensino das artes puras no estado. Ele se envolveu de forma muito intensa com a sociedade paranaense da época em que viveu, registrando sua história e cultura. Rogério Dias, outro grande exemplo, sempre foi autodidata, sua trajetória artística tem sido uma soma de anos de paciente

“Esta terra tem dono!”

Do alto, o Cacique Guairacá observa a cidade. Imortalizado em bronze, junto ao seu lobo, ele vigia os moradores e dá boas vindas aos visitantes. Sem dúvida ele é o símbolo de Guarapuava, que traz suas raízes indígenas estampadas até no nome. Uma das vertentes históricas, afirma que o Cacique Guairacá, viveu por estas terras em meados do século XVII. Nessa época, o tratado de Tordesilhas dividia a América do Sul ao meio (ou nem tanto) e Guarapuava se situava em terras espanholas. E como toda grande colonização desta época, havia a opressão indígena – seja a escravização por armas ou pela catequização, tiveram sua cultura esmagada pelo cristianismo europeu.  E também como no Brasil inteiro, houve resistência por parte dos índios. Mas ao contrário do resto da América, aqui tinha o Cacique Guairacá, que complicou muito a vida dos colonizadores.  Armado com lanças e arco e flecha, ele comandou embates aos berros de “CO IVI OGUERECO YARA!” (ou “Esta terra tem dono”). E o