Como acontece todos os dias, por volta das 6 da tarde, comecei a arrumar minhas coisas, organizar minha sala, desligar os computadores para, então, poder ir para casa. Achei que seria um fim de tarde comum. Eu sairia, meus pais estariam com o carro parado do outro lado da rua, me esperando. O carro estava lá. Minha mãe também. Até aí nada de estranho, se não fosse o fato de minha mãe - que está sempre corada e com um sorriso no rosto - estar pálida e trêmula. Preocupei-me, quis logo saber o que a havia deixado naquele estado. Ela começa a contar, ainda um pouco assustada. Há menos de vinte minutos, depois de sair do trabalho e antes de vir até a Unicentro me buscar, ela havia passado em uma papelaria, perto do terminal de ônibus no centro da cidade. Um lugar movimentado, onde principalmente naquele horário, ainda muitas crianças e trabalhadores aguardam seus ônibus para voltarem para suas casas depois de mais um dia de labuta. Tudo parecia estar como de costume, até que ela se surpreende com um moço de boa aparência, bem vestido, estatura média, cabelos loiros e olhos claros. O rapaz que a primeira vista parecia ser somente mais um trabalhador que acabara de sair de seu expediente, aproximou-se de uma "pampinha", aquele modelo de carro antigo da marca Ford, onde estavam um senhor de meia idade e um menino de 13 anos. Com um soco, ele tentou quebrar o vidro do lado do motorista, sem sucesso. Não foi o bastante para intimidá-lo. Pegou, então, uma pedra e atirou-a no para-brisa, trincando-o inteiro. Como não obteve resultado em nenhuma das duas tentativas, o rapaz forçou até conseguir abrir a porta, e quando conseguiu, tirou o motorista de dentro do veículo pelo pescoço. Nesse momento, o menino que estava junto saiu do carro e começou a gritar por ajuda. Para surpresa- e desespero- de quem assistia a cena, o agressor ainda tirou de dentro da blusa um facão e começou a golpear o senhor, que nada podia fazer para se defender. Deu-lhe dois golpes no rosto e um na nuca, enquanto aos prantos, o menino gritava por socorro e pedia pela vida do pai.
Muito prestativos, os funcionários da farmácia tiraram o menino da rua, a fim de que ele não presenciasse mais aquela cena, ligaram para a polícia, colocaram o menino ao telefone para que pedisse por ajuda. Nada podiam fazer a não ser chamar pessoas aptas a controlar esse tipo de situação.
Minha mãe que a essas alturas, ajudava a acalmar o menino dentro da farmácia, também tentou pedir a ajuda da polícia. Todas as tentativas em vão, pois o agressor cessou os golpes, fugiu levando uma caixa de ferramentas, o senhor teve seus curativos feitos pelos rapazes da farmácia e a polícia... nem sombra!
Nos quinze minutos seguintes em que minha mãe esteve lá, a polícia não havia dado nenhum sinal.
Muito me revolta a displicência dessas pessoas que são ditas responsáveis pela segurança da população. Em lugares de bastante movimento como é o caso dos arredores de um terminal de transporte coletivo, era papel da polícia estar fazendo ronda durante todo o dia.
Garantir a segurança das pessoas não é só "passear"nas redondezas de escolas em horário de entrada e saída dos alunos.
Garantir a segurança das pessoas é atender seu chamado quando necessário. É ter profissionais comprometidos.
É claro que não podemos generalizar e que sabemos que existem profissionais que realmente se empenham e se importam com seu trabalho... Mas são nessas situações que eles precisam mostrar eficiência.
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