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É preciso saber viver

Arquivo pessoal. Na foto: Giulia I. B. Pederssetti.


As pessoas reclamam do frio, do calor, do vento, da chuva, das horas não passarem, dos anos voarem, do sabor, do aroma.
Sabe aquela expressão: “Reclamar de barriga cheia” ? Pois bem, todos fazemos isso. E todos significa todo mundo mesmo. E é triste porque enquanto a gente
fica por aí reclamando da vida, poderia muito bem estar fazendo algo útil, ou que pelo menos servisse de bom exemplo para alguém.
E falando em bom exemplo, eu queria citar algumas pessoas que serviram de inspiração para esse texto: Minha mãe, meu vizinho e uma moça que eu nem conheço pessoalmente. O que elas tem em comum? O Câncer.
Minha mãe, há muitos anos, descobriu que tinha câncer de pele. Fez várias cirurgias, ficou com cicatrizes no rosto, nos braços, no ombro. Ficou com uma cicatriz ainda maior lá por dentro, no coração. Essa, é uma doença que deixa muitas marcas.
Hoje, minha mãe está curada, mas vive à base de protetor solar, não pode usar blusinhas que não protejam seus ombros e braços. Ir pra praia? Poucos minutos e embaixo do guarda-sol.
Você acha que ela é uma pessoa triste por isso? NÃO! A alegria que se vê nos lindos olhos azuis dela não se vê tão fácil por aí.
Recentemente descobri através das redes sociais que o pai de uma vizinha minha está com câncer também. Toda vez que ela posta no facebook que ele está indo enfrentar quimioterapia, conhecidos e amigos depositam a sua confiança em que ele vai superar tudo isso. E é bonito ver o quanto as pessoas tem fé, oram e torcem por alguém que, muitas vezes, nem conhecem direito. O câncer faz as pessoas ficarem assim, mais humanas.
E a última, porém não menos importante, é a moça dona de um
blog onde escreve sobre como vem vencendo bonito essa doença. Ela sim, tem um sorriso que ilumina qualquer “fundo de poço”, tem uma determinação que é rara de se ver, tem mais força do que esses lutadores da UFC. Ela tem umas palavras, um jeito de escrever que emociona a gente e nos faz perceber o quão longe a gente pode ir depois de pensar que não podia mais. E você deve estar pensando como eu sei de tudo isso sem nem conhecê-la. Meu amigo, essas coisas estão estampadas nas fotos que ela coloca, nas palavras que ela escreve e nas histórias que ela conta.
E com tudo isso, essas três histórias resumidas que você leu, eu quero dizer pra mim mesma e pra todo mundo: vamos parar de reclamar tanto e começar a agradecer mais.
Agradecer mais por cada dia, por cada momento alegre, pelas pessoas boas que nos rodeiam, pela saúde que, embora incomode as vezes, nós ainda temos. Agradecer mais por existirem pessoas assim, como essas três que foram citadas, que nos inspiram a viver melhor. Agradecer por, do nosso jeito e no nosso tempo, conquistar o que queremos.
Lembre-se sempre que há muito mais motivos para agradecer e para sorrir. Pedro Bial estava mais certo do que nunca ao dizer “Mas pode crer, daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito que você nem desconfia, hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente”. Filtro Solar.

Comentários

  1. Menina, adorei. Importante isso, de verdade. Verdadeiro, lindo. E preciso dizer que vc tem razão, a Su é tudo isso. E olha, ela dá força pra gente sempre, com aquele sorrisão lindo. Beijos

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  2. Reclamar faz parte da vida. Não fosse a reclamação estaríamos em tempos de senzala, de reis e rainhas soberanos que tudo podem porque os iguais não reclamam, não se mechem. É porque reclamamos que os aromas são substituídos, mudados, excluídos de um prato. É pela reclamação de uma dor que se chega mais rápido a um diagnóstico que, muitas vezes, salva a vida da pessoa se for detectado precocemente. Existem sim reclamações incabíveis, mas muitas delas são a engrenagem da nossa vida, da sociedade: o ser humano, sujeito/indivíduo/pessoa é assim. Reclamar de "barriga cheia" é outra coisa, são outras coisas, essas sim desprezíveis.

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