Antes de começar, caro leitor, desejo que mais do que ler, você possa se recordar dos sentimentos, sensações que viveu ao estar sentado, ao lado de um conhecido ou desconhecido, à meia luz, olhando para um ponto fixo a sua frente. Que possa se lembrar das risadas, choros, suspiros e, quem sabe, raiva que sentiu. De toda a sinestesia. Sim, esta seria a descrição, em palavras, perfeita para o que pretendo discorrer aqui e, como já disse anteriormente, espero que você, um dia, já tenha comprado seu ingresso, esperado na fila e entrado na sala onde o espetáculo ganha vida.
Você deve imaginar que me refiro ao cinema, algum show, mas não. Refiro-me à arte do “aqui e agora”, do momento, do carne e osso, das singulares peças de teatro.
Exatamente, singulares. Você pode assistir mais de uma vez a mesma peça, mas ela nunca será igual. Os sentimentos nunca serão os mesmos, e ainda assim, você vai se emocionar com ela, como da primeira vez que a assistiu.
É incrível como as pessoas simplesmente se entregam à arte, seja a musica, dança, canto. A dramaturgia consegue, em particular, nos envolver de um modo curioso. Você chora por um personagem, sente suas angustias, ri como seus momentos alegres fossem teus também.
Lembro-me de uma vez, uma das poucas...infelizmente, que assisti a uma peça de teatro. Em uma determinada cena a personagem virou-se para a platéia e apenas gesticulou algo, nem abriu a boca, mas nós entendemos. Ela pediu para que fizéssemos um som com os dedos, uma espécie de estalar. “Está bem, vamos estalar os dedos então”, pensei. Quando dei por mim, percebi que ao estalar os dedos fazíamos o som da chuva que ela precisava.
Ela, a personagem, conduzia a intensidade da chuva, depois dos estalos, vieram as palmas. A chuva havia aumentado. Com assobiar da platéia, ela tinha o vento, vento com uma chuva intensa. Ela sorria, pulava e dançava com a chuva.
Este momento, com certeza, foi lindo. Meus olhos se encheram de lágrimas . Como o simples pode ser tão belo.
A arte tem esse poder, transformar o simples no belo. O teatro tem esse poder. As pessoas têm esse poder.
Eu posso tentar explicar, detalhar cada sentimento, mas, caro leitor, você nunca vai sentir o que eu senti. A não ser, é claro, que você também tenha assistido ao espetáculo.
Bom, aqui termino minha fala. Antes disso, tenho outro desejo. Você que ainda não assistiu à arte do “aqui e agora”, do momento, das singulares peças de teatro, quando puder, compre seu ingresso, espere na fila e entre na sala onde o espetáculo ganha vida. Você não vai se arrepender.
Carol Coleto
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