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Algum tempo atrás perguntei-me sobre a causa do
guarapuavano ter hábitos tão gauchescos. Eles estão presentes no dia-a-dia da
grande maioria dos moradores da cidade. Quanto mais interior, mais perto do Rio
Grande do Sul nos sentimos. Exemplos não faltam, o chimarrão, o churrasco, as
músicas, as danças, as roupas e, até mesmo, o jeito de falar, tudo tão
característico, que chega a parecer que um gene "riograndense" já foi
incorporado ao DNA do guarapuavano.
Uma cena típica de ser acompanhada em nossa cidade, de
início, ou fim, do dia, tem suas raízes nos pampas: Famílias reunidas em uma
boa roda de chimarrão, colocando a "prosa" em dia, e contando causos
antigos. Além disso, quem nunca encontrou, em pleno centro da cidade, homens
com suas botas, bombachas e lenços no pescoço?
Ou mesmo ligou o rádio pela manhã, ou cair da tarde, e se deparou com
uma programação exclusivamente gaúcha? Diante de tantas evidências, não há como
negar aquilo que já é verdade incontestável em nosso estado: Somos gaúchos de
Guarapuava.
Se olharmos para a história, tentando encontrar o
"elo" que nos liga ao Rio Grande do Sul, veremos que no início do
século passado muitas famílias deixaram seu estado de origem e migraram,
buscando melhores condições de vida, e, ao longo deste trajeto, foram
disseminando sua cultura, que foi absorvida e incorporada pelos moradores de
nossa cidade. Desde então, a cultura dos pampas se faz presente em meio a nossa
e, apesar de ter adquirido características próprias, mantém- se fiel em vários
aspectos.
Seja com características próprias, ou adaptado à nossa
realidade, não há como negar que a influência gaúcha teve papel importante na
formação da identidade cultural do guarapuavano. Deixou marcas na culinária,
nas vestimentas, no jeito de ser e de se manifestar, fez de Guarapuava uma
cidade única, mesmo com o jeito tipicamente gaúcho.
Jasmine Horst
Sei que a Postagem é muito antiga, mas acabei parando aqui e gostaria de deixar um comentário.
ResponderExcluirA cultura Guarapuavana e de toda a região do Paraná velho de cima da serra, de Piraquara à Laranjeiras do Sul, e de Sengés à Palmas SEMPRE foi Gaúcha, sem influência de CTGs ou do MTG. Os tropeiros birivas de tropas xucras eram em sua imensa maioria vindos do Paraná. Nós Guarapuavanos, Lapianos, Curitibanos, Castrenses etc. Fundamos muitas cidades (Passo fundo, Vacaria, Curitibanos, Mato Castelhano, Cruz Alta, Carazinho, Nonoai, Campos novos, etc.) pelos sertões do sul brasileiro, e disseminamos nossa cultura. Séculos antes dos rio-Grandenses virem pro oeste e sudoeste, o campeiro, o tropeiro e o sertanista da Comarca de curityba já usava a bombacha, a Guaiaca, o Lenço Branco, o Pala fimbrado, as botas-fole-de-gaita com as estrepitosas chilenas, chapéu de barbicacho e a velha faca Prateada. Sorvendo o mate crioulo destes altiplanos, montando os fletes dos campos gerais, tangendo muares de lugares distantes como são Borja até Sorocaba. Existem diversos livros, documentos e fotos que comprovam estes fatos. Porém as pessoas se esforçam para suprimir a cultura arquétipa do estado. Já nos esquecemos dos 2 séculos e meio do tempo das tropas dos velhos tauras paranaenses para virarmos arremedo de caubói Texano estadounidense, Terra de todos os povos, terra dos imigrantes, etc. Aqui não é terra de todos. Não dá pra ser multicultural antes de ser uno de raíz..
Até os anos 40, era muito comum de se ver um paranaense com toda esta Indumentária, até que de repente, estas roupas e costumes nunca nos pertenceram e são exclusivos do Rio Grande do Sul. O que aconteceu? Nós perdemos culturalmente. Agora até o chimarrão, cujo ramo da erva está na nossa bandeira estadual é "costume rio-grandense presente na cidade".
Deixarei algumas Literaturas:
Viagem à Curityba e Província de Sta.Catharina - St.Hilaire +-1820
Passeio à minha Terra
Salvador José Correia Coelho - 1844
Viagem philosophica aos Campos Geraes e ao sertão de Guarapuava- Visconde de Taunay
O Paraná de Bombachas
O Paraná e o Paranismo
Biriva: Tropeiro Paranaense
Os três de autoria de Carlos zatti
Os curitibanos e a formação de Comunidades Campeiras no Brasil Meridional - Roselys Velozo Roderjan
A Lapa e o tropeirismo
Márcia Kersten
Viagem ao Paraná
Avé-Lallemant