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Ler é preciso

Amanda Lima

Lembro-me da minha infância. Terceira série do ensino fundamental. A ida coletiva da turma até a biblioteca acontecia uma vez por semana, mas eu lia o livro que emprestava em bem menos tempo que isso. Com o passar do tempo, ia sozinha, quase todos os dias. Esse hábito de ler, que aqui escrevo, não é para dar ar de superioridade, para mim isso não existe. É só uma maneira de mostrar que sim, a leitura se começar cedo, traz inúmeros benefícios e há muitas pesquisas científicas que comprovam isso.

A biblioteca, local que guarda essas relíquias, sempre foi um lugar místico. O silêncio, a organização, o ar calmo e inspirador que esse ambiente sempre trouxe para mim. Na época também, o uso de computadores era limitado. Não havia internet, nem facebook, nem orkut, nem videogame como os de hoje. O fato de não existirem esses artifícios, ajudou muito a quem teve a sorte de ter que ficar horas em uma biblioteca procurando dados que hoje se tem com alguns segundos em frente ao computador.

Não vou falar dos benefícios a longo prazo que a leitura dá, como facilidade na hora de escrever um texto, fato fundamental na hora de conseguir passar no vestibular, ou conseguir um emprego.
Falo de prazer. Não conseguia acreditar na cara das pessoas, ao ouvirem a professora pedir para ler um livro para fazer um trabalho. É claro que ninguém vai gostar de todos os tipos de literatura, mas era visível a cara de reprovação ao saberem que teriam que por a cara em alguma leitura mais profunda que aquela do dia-a-dia, como placas nas ruas e aquilo que estava no quadro negro. (É, datashow nem pensar, amigos) .

Leitura é prazer, é emoção. E você pode escolher o tipo de livro que quiser, para ter a emoção que quiser. Pode ler García Marquez, para viajar em um mundo de mágica e ao mesmo tempo realidade, Sidney Sheldon  para ter adrenalina, Shakespeare com seus romances que embriagam. Não há nada melhor para estimular a imaginação do que a leitura. Para sair do estresse, para se sentir bem, mais forte, mais confiante. Para se sentir parte do mundo.

Ler não tem idade, não tem classe social, não tem preconceito. Esses dias até me emocionei ao ver uma reportagem sobre uma catadora de lixo que conseguiu passar no vestibular de uma universidade federal, estudando sozinha.

Quem tem o hábito de ler, lê  tudo. Lê jornal, revista na sala de espera do dentista, bula de remédio receita de bolo, lê o panfeto que ganha na rua. Carrega também um livro na bolsa ou mochila, afinal nunca se sabe se o onibus  irá atrasar, se a aula vai demorar um pouco para começar. Qualquer hora, é hora de ler.

Ler me fez uma criança esperta, uma adolescente inquieta, atuante e que não conseguia ficar muito tempo sem adquirir conhecimento, e porque não, uma adulta no caminho para ser jornalista com fé de que vai escrever para alguém, durante toda a vida.
Ler pode fazer você ser quem quiser. Acredite.


Comentários

  1. Gostei muito do post. E é bem verdade o que disse, a cara de espanto e desgosto das pessoas quando a professora dizia que iam ter que ler...aquilo me incomodava. E quando eu falava que gostava de ler?! Me olhavam como se fosse um extraterrestre.
    Infelizmente, parece que hoje isso está mais evidente e acentuado, ainda. Ninguém quer ler nada a não ser as páginas do orkut e do facebook...e isso é tão triste, na minha opinião.

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