“Salve o Divino
Espírito Santo, oia, oia!”. Cantarolando esse verso, o grupo de foliões chega
às casas das famílias pinhãoenses. A bandeira vai à frente, o bumbo dá o ritmo,
a sanfona e os vilões embelezam, ainda mais, a cantoria. O padre segue a
procissão e, por meio de palavras e gestos, realiza a benção. A família acolhe
a bandeira e os foliões em sua casa, acompanha tudo atentamente. Emociona-se, ora,
agradece e se despende na expectativa de que no próximo ano tudo possa
acontecer novamente.
A Folia do Divino
Espírito Santo é uma manifestação de caráter religioso popular muito comum em
algumas regiões do nordeste brasileiro. E, curiosamente, presente, também, na
cidade de Pinhão, município localizado na região Centro-sul do estado,
aproximadamente a 45 km de Guarapuava. O grupo dos foliões é composto por 30
pessoas, ligadas à paróquia, que cantam ou tocam determinado instrumento. A
Folia tem por objetivo propagar a devoção ao Divino Espírito Santo levando a
sua bandeira na casa dos devotos. A rotina de visitas acontece de segunda a
sexta-feira durante as semanas que antecedem a festa em honra ao padroeiro da
paróquia, o Divino Espírito Santo, dia 10 de junho, em média sete casas são
visitadas por noite.
Essa devoção é bastante
antiga, surgiu nos Açores, em Portugal, entre os séculos XIII e XIV, quando a rainha
Santa Isabel, esposa do rei Dom Dinis, fez uma promessa ao Divino que, se a
peste que assolava seu país acabasse, faria uma grande festa em sua honra. A doença
acabou, e como cumprimento da promessa foi organizada a Folia do Divino. Enquanto
viveu, a rainha promoveu a folia e a propagou. Com a expansão marítima
promovida pelos portugueses, a devoção se espalhou pelo mundo, chegando inclusive
no Brasil, principalmente na região litorânea. Como essa devoção chegou ao
Pinhão não existem evidências históricas, fato é que tal piedade já se tornou
tradição na cidade.
Jean Patrik Soares
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