Se não,
tudo bem, se sim, espero que você não tenha ultrapassado limites selvagens. Fica
a dica de nome alternativo para uma continuação do filme Relatos Selvagens, produzido
em 2014 e rodado na Argentina e na Espanha. Dirigido por Damián Szifron (Tempo
de Valentes) e estrelado por Ricardo Darín, a produção é digna de Oscar, ao
menos de indicação, já que perdeu para o filme polonês Ida na edição de 2015.
No entanto, o longa ganhou atenção internacional e outros prêmios, como o de
Melhor Filme Estrangeiro, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2015 e o Prêmio
Goya de Melhor Filme Estrangeiro em Espanhol.
Distribuído
pela Warner Bros. Pictures, conquistou uma bilheteria de 475.902 ingressos aqui
no Brasil. No cinema Belas Artes, localizado no bairro da Consolação em São
Paulo, Relatos Selvagens começou a ser exibido no dia 23 de outubro de 2014 e
continuou na programação por mais de um ano. Um pouco antes de fazer aniversário,
em 18 de outubro de 2015, o público alcançado foi de 37.508 espectadores só no
Belas Artes.
A
produção chegou ainda a bater o recorde nacional argentino, marcando 3 milhões
de bilheteria, mas foi superada logo mesmo em 2015 por O Clã, de Pablo Trapero,
que foi visto por 1,5 milhão de pessoas em dez dias de exibição.
Na
Inglaterra o longa ganhou um alerta nas sessões por conta da primeira sequência
do filme que poderia ser assimilada com a tragédia do avião da Germanwings,
resultante da morte de 150 pessoas no dia 24 de março de 2015. A história conta
sobre o comissário de bordo Gabriel, que tem problemas psicológicos e na
tragédia real as investigações apontaram para o copiloto Andreas Lubitz, que
fez tratamento psiquiátrico por tendências suicidas.
Composto
por seis episódios com diferentes personagens e protagonistas, os relatos têm
um tema em comum, a perda de controle de um indivíduo mediante diferentes
situações cotidianas ou não, já que os dois primeiros episódios trabalham mais
com uma ideia de vingança. Os demais sim trazem casos da rotina e o acúmulo das
consequências. A frase “qualquer um pode perder o controle” é exemplificada com
relatos desde uma garçonete até um pai de família rica.
Cartaz do filme
O primeiro
episódio do filme, o mais curto, tem um final que nos deixa ansiosos para os
próximos relatos, pela grandiosidade e engenhosidade da “selvageria”, terminando
com a imagem congelada sensacional de um casal de idosos e deixando qualquer um
congelado também.
Em
seguida vem a sequência dos créditos do filme com o nome dos atores ao lado de
imagens de animais selvagens e os nomes dos envolvidos na produção com imagens
de bandos de animais, deixando claro a intenção de comparação.
O papel
de Darín se desenrola no meio da produção, fazendo mais uma crítica social na
verdade, tema também dos filmes dirigidos pelo ator. Outras sequências que
merecem atenção é a dos dois motoristas fazendo ultrapassagem e a última do
casamento, com uma noiva excelente interpretada pela atriz Erica Rivas.
Justificando,
a história dos motoristas nos prende pela ansiedade e apreensão criados pela
narrativa lenta que vai deixando o ar mais pesado conforme os personagens vão
interagindo, até chegarem no extremo do comportamento humano.
Já a
história do casamento traz uma reviravolta inesperada depois dos
desdobramentos. O ingrediente que influencia a perda de controle é claro que é o
amor.
A
montagem em contos de Szifron pode não agradar aqueles que preferem uma
história ou várias que sucedem simultaneamente em um filme, mas o diretor soube
trabalhar com os relatos colocando um de ponto mais alto no início (do avião),
um de ótima sequência no meio (da ultrapassagem) e o melhor no fim (do
casamento), que termina até de forma otimista depois de várias fatalidades.
Relatos
Selvagens possuiu uma ironia por trás das atitudes representadas para justificar
seu gênero comédia, o que nos faz pensar: ainda somos primatas?
Ele poderia muito bem virar uma série de
televisão com diferentes casos de perda de controle que poderiam ser
desenvolvidos em meio a uma trama maior, com vários episódios, ou talvez até
mesmo com um episódio para cada conto, separadamente.
O desafio ficaria no
ingresso de uma produção argentina em meio ao domínio norte-americano na
indústria de seriados, considerando como isso já ocorre na indústria cinematográfica. Porém, a solução pode estar com a alta dos populares serviços
de streaming. Pega aí Netflix.
Trailer legendado do filme
Texto: Marcelo Junior.
Comentários
Postar um comentário