A geração total de resíduos sólidos urbanos, comumente
chamados por lixo urbano no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 78,6 milhões
de toneladas, segundo pesquisa Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais). De acordo com os dados, representa um aumento de
2,9% em relação, índice superior à taxa de crescimento populacional no país no
período, que foi de 0,9%. Na região sul do Brasil, há a finalidade correta em
84,7% do lixo. Os responsáveis por isso, em grande número, foram empresas públicas
de limpezas, a conscientização de pessoas e os catadores de material
reciclável.
Uma pesquisa do Ipea (Instituto
de pesquisa econômico aplicada) publicada em 2013, mostrou que no Brasil
existem mais de 387.500 operadores ecológicos. Mais de 58 milhões deles estão
no Sul. Os operadores têm grande importância na preservação do meio ambiente,
pois de modo geral,
eles atuam nas atividades de coleta, triagem e comercialização dos resíduos
reutilizáveis e recicláveis, contribuindo de forma significativa para a cadeia
produtiva da reciclagem.
Na cidade de Guarapuava, os operadores ecológicos
contratados pelo programa jogue certo, conseguem atender 14 bairros da cidade. Há também três caminhões que
realizam a coleta seletiva, além dos carrinhos de operadores ecológicos. De acordo com a Prefeitura
de Guarapuava, são recolhidas cerca de 400 toneladas de lixo reciclável todo
mês.
Esse
não é o caso do Juliano Antunes, 28 anos, morador de Guarapuava - PR. Ele
trabalha com seu próprio carrinho. Começou a vender papelão há quase três anos,
após ser demitido da empresa onde trabalhava.
Como tem uma mulher e um filho para sustentar, se viu obrigado a começar
nesse trabalho. Quando questionado se o
valor que recebia era suficiente, a resposta é desanimadora: “Na verdade dá
pouco, em torno de R$15 a R$20, ou R$30 depende da altura da carga que você
leva. Geralmente, você paga uma conta ou você faz uma comprinha”, comenta ele.
Diariamente,
ele leva seu carrinho pelas ruas de Guarapuava. Além do peso do carrinho, tem
de aguentar o peso das palavras que ouve. “Sempre tem motorista que xinga, tem
motorista que manda tirar “essa ‘caiera’ da rua tá atrapalhando e tal, ou tira
essa ‘bicheira’ da rua. No dia a dia, você sempre encontra isso” conta ele.
Para
não fazer parte dos 32 milhões de pessoas que
passam fome, ou dos 65 milhões de pessoas que não ingerem a quantidade mínima
diária de calorias, ou seja, se alimentam de forma precária, no Brasil, Juliano
aguenta esse tipo de desaforo calado, porém ainda sonha com o futuro melhor.
Futuro esse que, para ele seria a carreira como policial.
Diferente de Juliano, seu Dari de Jesus, 55 anos, não
trabalha como catador apenas pela questão financeira, mas também pela psicológica.
Quando nasceu, sua mãe faleceu no parto. Após algum tempo, seu pai morreu de
câncer, e quando achou sua “mulher perfeita”, ela cometeu suicídio. Invadido
por lembranças, seu Dari, que já é aposentado, começou a catar lixo reciclável
para não pensar em seus familiares. “Me
dá uma tristeza, então eu tenho que sair caminhar, pra não colocar coisa na
minha cabeça. Eu começo a pensar na família, no que aconteceu e começo a
lembrar, é aí que eu tenho que sair, caminhar”, conta ele.
Morador atualmente do Xarquinho, seu Dari já
morou em diversos estados e teve várias profissões. Mora em um quartinho perto
de um de seus dez irmãos e conta que prefere recolher lixo reciclável que ficar
em casa “incomodando”. Tem dias que ele sai de casa às cinco horas da manhã e
volta às duas da madrugada. O dinheiro é o que menos lhe interessa. “Eu não
gosto de ficar parado, gosto de ficar por aí contando causo, fazendo amizade”,
relata. Seu sonho? “Eu espero que Deus me ajude de volta, refazer tudo,
reconstruir a vida”.
Muitos operadores
ecológicos nem percebem que estão contribuindo para o meio ambiente, e ainda assim
retiram seu único sustento dessa prática. O dinheiro não é muito, mas a
preservação da natureza e das gerações futuras estão sendo gradativamente preservadas.
Você sabe quantos anos demora para um pedaço de papelão se decompor? No
mínimo 02 meses. Quer saber mais sobre o tempo de decomposição de outros
produtos? Confira o gráfico:
Texto de: Daiane Cristina
Legal 😃
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