O
poeta Manuel Bandeira (1881-1968) nasceu na cidade do Recife, Pernambuco, no
dia 19 de abril de 1886. Publicou seu primeiro livro "A Cinza das
Horas", de nítida influencia Parnasiana e Simbolista, no ano de 1917. Em 1938, é nomeado professor de Literatura do
Colégio Pedro II. Em 1940 foi eleito para Academia Brasileira de Letras,
ocupando a cadeira de nº24. Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho faleceu no
Rio de Janeiro, no dia 13 de outubro de 1968.
O poema "Trem de Ferro" foi escrito por Bandeira na década
de 1930. O poema é muito conhecido, principalmente, pelas crianças, no entanto,
parece que não foi escrito apenas para criança, apesar da linguagem de fácil
compreensão, ele nos instiga a buscar a criança que mora dentro de nós, conduzindo-nos
a uma viagem de trem. A linguagem coloquial é muito marcante no poema, tomemos como exemplo as palavras: "prendero", "canaviá", "matá", "mimbora". O uso desse tipo de linguagem valoriza a cultura nacional
Os
versos fazem-nos acompanhar o andar do três, por exemplo: "Café com pão/
Café com pão/ Café com pão Virgem Maria que foi isto maquinista?". Ao
lermos esse poema, temos uma imagem acústica que cria o som de um trem. O trem
naquela época era muito utilizado, era o principal meio de transporte da
agricultura, essencial para nossa economia. Além disso, temos aqui versos
tetrassílabos, e pressupõem uma velocidade linear, e correspondente ao início
de uma viagem. Nos versos seguintes, temos as palavras "muita força",
que se repetem em três versos, e possuem três sílabas poéticas - Mui (1ª)
/ ta (2ª) / For (3ª) ça (não conta, pois é
pós-tônica), o que dá a entender que o trem começa a andar mais rápido.
Neste
poema, percebemos a influência do Modernismo, pois há o rompimento com as
normas poéticas, versos livres e com menos rimas. Há uma buscar pela cultura
popular, principalmente a nordestina. Aqui podemos citar uma cantiga antiga
folclórica nordestina, denominada "Trem de Ferro": “O trem de ferro
quando sai de Pernambuco vai fazendo vuco-vuco até chegar no Ceará Rebola pai,
rebola mãe, rebola filha eu também sou da família também quero rebolá".
Por fim, notamos a melancolia do eu-lírico ao mencionar a saudades de sua terra
e versos trissílabos continuam dando a ideia de velocidade e continuidade para
a viagem, já que o poema termina com reticências.
Referências
BANDEIRA, Manuel. Bandeira de bolso: uma antologia poética.
Organização e apresentação de Mara Jardim. Porto Alegre: L&PM, 2015
https://www.ebiografia.com/manuel_bandeira/
Comentários
Postar um comentário