Nasceu em
Itabira, Minas Gerais em 1902. Consagrado poeta brasileiro, seu conjunto de
obras o tornou um dos principais nomes na literatura brasileira do século XX. Esse
poeta é Carlos Drummond de Andrade.
As obras poéticas retratam: o conflito social, a família e os amigos, a
existência humana, a visão sarcástica do mundo e das pessoas e também as
lembranças da terra natal.
Os
ombros suportam o mundo
Chega
um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão
mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a
velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação
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