SOBRE O AUTOR: Escritor português natural, de São Martinho de Anta, Vila Real. Proveniente de uma família humilde teve uma infância rural dura, que lhe proporcionou conhecer a realidade do campo, feita de árduo trabalho contínuo. Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio, em Minas Gerais, como capinador, apanhador de café, vaqueiro e caçador de cobras. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941. Miguel Torga era ligado inicialmente ao grupo da revista Presença.
CONTEXTO HISTÓRICO:
Miguel Torga faz parte do Presencismo, movimento literário de grande relevância. O Presencismo, também conhecido como a segunda fase do modernismo português, teve início no ano de 1927 com a publicação da Revista Presença: Folha de Arte e Crítica. Revista Presença reuniu aqueles que não participaram do Orfismo em virtude de divergências estéticas. Ao contrário do Orfismo, que tinha como objetivo apresentar uma poesia que rompesse com os padrões literários vigentes, chocando e provocando a crítica e público, sobretudo a burguesia, o Presencismo tinha como ideal interrogar o sentido da existência humana.
RESUMO DA OBRA:
Contos da Montanha remete o leitor para um espaço situado no interior, composto por 23 contos, neste livro Miguel Torga apresenta aos seus leitores textos que representam descrições do comportamento humano, das suas emoções e dos seus sentimentos. O leitor da obra deve voltar sua atenção para o que existe de comum nos 23 contos, que está altamente voltado para as ações humanas, pois, Miguel Torga traz fortes traços do humanismo em suas obras, dentro dos contos as pessoas são heróis e sobreviventes da suas vidas de miséria, de fome e de sofrimentos.
Os 23 contos são: A Maria Lionça; Um roubo; Amor; Homens de Vilarinho; O Cavaquinho; A ressurreição; Um filho; A promessa; Maio moço; O bruxedo; A paga; Inimigas; Solidão; A ladainha; O vinho; O lugar de sacristão; Justiça; A vindima; Um coração desassossegado; A revelação; O desamparo de S. Frutuoso; O castigo; O pé tolo.
Vejamos resumidamente três dos vinte e três contos:
"A Maria Lionça"
Maria Lionça é a personagem principal deste conto. Maria é uma mulher respeitada, amada, pobre, bonita, forte. Ela viveu em Galafura durante setenta anos onde encontrou o amor da sua vida, Lourenço Ruivo, com quem se casa e tem um filho, Pedro. Lourenço acaba lhe provocando um grande desgosto de amor, pois Ruivo foge para o Brasil sem dar noticias. Quinze anos depois ela acaba o perdoando quando ele volta à terra muito doente, onde morre passado pouco tempo, Maria fica de novo sozinha cuidando do filho, que também acaba adoecendo e por consequência morre nos braços da mãe e ela morre também ao final do conto, depois de uma vida dedicada a ajudar os outros.
”O cavaquinho”
É narrada a história de uma família muito pobre que vivia num casebre a "três léguas" de Vilela, onde o pai, chefe de família, promete uma prenda de Natal ao filho de 10 anos, pelo seu bom desempenho no primeiro exame da escola. A criança estava entusiasmada e bastante curiosa em saber o que iria receber, uma vez que já conhecia os fracos rendimentos dos pais e aquela situação, o fato de poder receber algo novo e "gratuito", deixava-o fascinado. Porém, na noite em que, supostamente, iria descobrir o que seria a sua recompensa, recebe a triste noticia de que o pai falecera com uma facada, perto de um cavaquinho que lhe trazia. Um conto que começa por uma notícia boa (o exame do filho e promessa da oferta de uma prenda) e termina com a morte do pai, de forma dramática.
“Homens de Vilarinho”
Neste conto Torga conta a história de Firmo, personagem cuja principal marca é a infidelidade à terra natal. Nem o fato de ter mulher e filhos a zelar o prendia ao território. Aliás, as suas visitas a Vilarinho duravam pouquíssimo tempo. Foram inúmeras as tentativas do padre João, pároco do povoado, para convencê-lo da necessidade de corrigir-se, mas o “desejo de mundos” que tinha Firmo, não o permitia ficar. Por possuir esse caráter, Firmo é caracterizado no conto como aquele que “desorientava Vilarinho”. Por não cultivar o sentimento de pertença à terra nem à casa, de maneira mais específica, o seu lugar na narrativa é a de um desordenado, um desertor.
REFERÊNCIAS:
TORGA, Miguel. Contos da montanha. 9. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1999. 214p. (Biblioteca de bolso)
uma merda
ResponderExcluirconcordo
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