Pular para o conteúdo principal

RESUMO DA OBRA LUZIA-HOMEM, DOMINGOS OLÍMPIO


 
Contexto histórico:
 "Luzia-Homem" é uma obra publicada em 1903, que é considerada um clássico, enquadrada no gênero "Ciclo das Secas", da Literatura Nordestina. Ela narra à triste história do sertão nordestino nos anos de 1877, que viveu mais uma terrível seca, que devastava o gado, trazia escassez nos alimentos, entre outros. “Aproveitando” esse quadro de seca, Domingos soube ver bem os problemas de ordem social e humana surgidos entre os retirantes. Pois se mostrou tocado pela dolorosa miséria e sofrimento que assolava o sertão.

Sobre o autor:
DOMINGOS OLÍMPIO BRAGA CAVALCANTI ou Pojucan, um de seus pseudônimos, é cearense de Sobral. Nasceu em 18 de setembro de 1851 e faleceu em 06 e outubro de 1906, no Rio de Janeiro. Deixou diversos trabalhos, entre romances e peças, a maioria inédita em livro, além de ter trabalhado também como advogadodiplomatajornalista e parlamentar. É patrono da oitava cadeira da Academia Cearense de Letras. Apresentou candidatura para a Academia Brasileira de Letras, mas foi derrotado pelo poeta Mário de Alencar, filho do romancista cearense José de Alencar, tendo contado apenas com o apoio de Olavo Bilac, que faria um elogioso necrológio de Domingos Olímpio.

Resumo:
       A obra trás uma mescla entre a descrição da miséria, os dias de trabalho dos retirantes e a vida de Luzia, conhecida por Luzia-Homem, denominada assim, por sua grande desenvoltura no trabalho braçal. No entanto todas as atenções estão voltadas para a personagem central, Luzia-Homem, uma retirante que, em busca de sobrevivência, sai da cidade de Ipu na companhia de sua mãe doente.”. “Luzia encontra em Sobral abrigo e emprego na construção da cadeia pública, mas pressentia um perigo iminente, pois era perseguida pelo soldado Crapiúna, o qual nutria uma obsessão pela moça e queria-a possuir a qualquer custo”. “Luzia encontra em Sobral, abrigo e fáceis meios de subsistência; mas pressentia iminente perigo do capricho ou paixão brutal de Crapiúna” (Luzia-Homem, 1984, p. 15). O decorrer da história vai trabalhar com um triângulo amoroso, entre Luzia, Crapiúna e Alexandre, o último, seu fiel escudeiro. “[...] Alexandre, o amigo dedicado e afetuoso, que se lhe deparara entre a multidão de desconhecidos e indiferentes, moço de maneiras brandas, muito paciente, muito carinhoso, com a tia Zefa (mãe de Luzia), passando serões, noites em claro junto dela e da filha, num recato de adoração muda e casta [...]” (Luzia-Homem, 1984, p.8). “O escritor busca deixar claro que Luzia gosta de Alexandre, mas ela não admite a afeição que sente por ele. Alexandre acaba indo para a prisão por roubar o empório do qual fazia a segurança. Com isso, Luzia começa a visitá-lo na prisão e Teresinha, uma moça que tinha fugido da família e se prostituído, passa a cuidar da mãe de Luzia, que ficara doente. Ao final do romance, Teresinha, ao ver Crapiúna abrindo uma bolsa com a quantidade de dinheiro roubada do armazém, descobre que o responsável pelo assalto foi Crapiúna e conta para Luzia. Crapiúna é preso e jura vingança. Alexandre é absolvido. Livre, Alexandre propõe a Luzia que partam para viver na serra com sua mãe e os familiares de Teresinha. A mulher aceita e Alexandre parte no outro dia junto à família de Teresinha para procurar moradia. Porém, Luzia, Teresinha, a mãe de Luzia (D. Josefina), Raulino e outros homens combinam de ir na tarde do próximo dia. Teresinha parte para a serra acompanhada pelos homens, que carregavam D. Josefina, e por Luzia, que ia atrás. Chegando à serra, um dos homens indica um caminho mais fácil à Luzia, pois seguiriam pela estrada com D. Josefina. Para se guiar, Luzia seguiu as pegadas secas que Teresinha deixara no barro. Após chegar a um rio, Luzia depara-se com Crapiúna segurando Teresinha pelos braços. Ele avança na direção de Luzia, mas a mulher se defende com unhadas em seu rosto. Porém, o homem crava uma faca no peito de Luzia e desaparece pelo desfiladeiro. Raulino chega e vê o desespero de Teresinha. Ao olhar para Luzia no chão, percebe que a mulher está morta.”.“A importância desse romance reside no fato de ser ele um dos grandes romances regionais de um estilo de época que floresceu na segunda metade do século XIX: O naturalismo. Estilo marcado pela objetividade, concepção de amor baseado na atração sexual, com ênfase nas características negativas das personagens, o Naturalismo legou-nos romances em que é possível perceber a grande influência de Darwin e A Origem das Espécies: o meio ambiente condiciona todos os seres, deixando sobreviver apenas os mais fortes. Por isso, a natureza de todos os seres, inclusive a do homem, seria determinada por circunstâncias externas. A vida interior é reduzida a nada.
Em Luzia-Homem, tais pressupostos são nítidos, basta que o leitor observe a caracterização e trajetória das personagens. Luzia, por exemplo, está fadada a sucumbir, pois num jogo de forças com o vilão, de nada valeu sua força física, assim como não valeram seus bons sentimentos e até a doçura de alma escondida atrás de tantos músculos. Tornou-se, portanto, vítima da fatalidade das leis naturais, que a impediam de ter outro destino. A morte como desfecho vem coroar esse determinismo, pois é a única saída possível para a personagem. Não há a menor possibilidade, nos romances desse estilo, de ocorrer um acaso ou ‘‘milagre’’, comuns em romances românticos, em favor da personagem.
Referências

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO DA OBRA "VÁRIAS HISTÓRIAS", DE MACHADO DE ASSIS

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de família pobre e mulato, sofreu preconceito, e  perdeu a mãe na infância, sendo criado pela madrasta. Apesar das adversidades, conseguiu se instruir. Em 1856 entrou como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional. Posteriormente atuou como revisor, colaborou com várias revistas e jornais, e trabalhou como funcionário público. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Algumas de suas obras são Memórias Póstumas de Brás Cubas , Quincas Borba , O Alienista , Helena , Dom Casmurro e Memorial de Aires . Faleceu em 29 de setembro de 1908. Contexto Histórico Várias histórias foi publicado em 1896, fazendo parte do período realista de Machado de Assis. Os contos da obra são profundamente marcados pela análise psicológica das personagens, além da erudição e intertextualidade que transparecem, como por ex., referências à música clássica, a clássicos da literatura, bem c

Pintores Paranaenses

A partir do século XIX, a pintura passou a se desenvolver no Paraná, incentivada por pintores como o imigrante norueguês Alfredo Andersen, e Guido Viaro, o segundo vindo da Itália. Ambos dedicaram-se ao ensino das artes visuais, além de pintarem suas obras inspiradas principalmente nas paisagens e temas do cotidiano paranaense. Responsáveis também pela formação de novas gerações de artistas no estado, como o exemplo de Lange Morretes, Gustavo Kopp e Theodoro de Bona, todos nascidos no Paraná. Alfredo Andersen, apesar de norueguês, viveu muitos anos em Curitiba e Paranaguá, e ainda hoje é tipo como o pai da pintura paranaense. Foi ele o primeiro artista plástico atuar profissionalmente e a incentivar o ensino das artes puras no estado. Ele se envolveu de forma muito intensa com a sociedade paranaense da época em que viveu, registrando sua história e cultura. Rogério Dias, outro grande exemplo, sempre foi autodidata, sua trajetória artística tem sido uma soma de anos de paciente

“Esta terra tem dono!”

Do alto, o Cacique Guairacá observa a cidade. Imortalizado em bronze, junto ao seu lobo, ele vigia os moradores e dá boas vindas aos visitantes. Sem dúvida ele é o símbolo de Guarapuava, que traz suas raízes indígenas estampadas até no nome. Uma das vertentes históricas, afirma que o Cacique Guairacá, viveu por estas terras em meados do século XVII. Nessa época, o tratado de Tordesilhas dividia a América do Sul ao meio (ou nem tanto) e Guarapuava se situava em terras espanholas. E como toda grande colonização desta época, havia a opressão indígena – seja a escravização por armas ou pela catequização, tiveram sua cultura esmagada pelo cristianismo europeu.  E também como no Brasil inteiro, houve resistência por parte dos índios. Mas ao contrário do resto da América, aqui tinha o Cacique Guairacá, que complicou muito a vida dos colonizadores.  Armado com lanças e arco e flecha, ele comandou embates aos berros de “CO IVI OGUERECO YARA!” (ou “Esta terra tem dono”). E o