Conheça a
origem das festas juninas
Karoline Fogaça
Se
no verão, o mês da comilança é dezembro, por causa do Natal e do Ano novo, no
inverno, junho é o mês mais saboroso, por causa das festas juninas. Essas
festas homenageiam três santos católicos: Santo Antônio (dia 13), São João
Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29), os quais são alvos de simpatias e
promessas nesse mês.
No entanto, a origem das
comemorações nessa época do ano é anterior à era cristã. No hemisfério norte,
várias celebrações pagãs aconteciam durante o solstício de verão, ou seja, o
dia mais longo e a noite mais curta do ano, que ocorre nos dias 21 ou 22 de
junho no hemisfério norte. Diversos povos da Antiguidade, como os celtas e os
egípcios, aproveitavam a ocasião para organizar rituais em que pediam fartura
nas colheitas.
Quando os portugueses chegaram
ao Brasil, os índios que habitavam aqui também faziam importantes rituais
durante o mês de junho. Eles tinham várias celebrações ligadas à agricultura,
com cantos, danças e muita comida. Com a chegada dos jesuítas portugueses, os
costumes indígenas e o caráter religioso dos festejos juninos se fundiram.
No começo, as festas eram
chamadas de Joaninas, especialmente em homenagem a São João, depois o nome
mudou pra Junina, em referência ao mês de junho.
É por isso que as festas celebram
santos católicos e oferecem uma variedade de pratos feitos com alimentos
típicos dos nativos, cheia de grãos e raízes. Nesse aspecto, é clara a
influência brasileira na alimentação. Como o mês de junho é a época da colheita
do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados são feitos com ele. Pamonha,
cural, milho cozido, canjica, pipoca e bolo de milho são alguns exemplos. Mas
além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz
doce, bolo de amendoim e de mandioca, pinhão, broa de fubá, cocada,
pé-de-moleque, quentão, batata doce e muito mais.
Alguns acham que é uma festa essencialmente brasileira, mas esta
possui diversas influências estrangeiras. A quadrilha tem origem francesa, nas
danças de salão do século 17. Em pares, os dançarinos faziam uma sequência
coreografada de movimentos alegres. O estilo veio para o Brasil com os nobres
portugueses, e foi sendo adaptado até fazer sucesso nas festas juninas. A tradição
de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação
da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo à dança
de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Mais antigo que tudo isso, é a história sobre a origem da fogueira.
Santa Isabel (mãe de São João Batista) disse à Virgem Maria (mãe de Jesus) que
quando São João nascesse acenderia uma fogueira para avisá-la. Maria viu as
chamas de longe e foi visitar a criança recém-nascida.
A valorização da vida caipira nessas
comemorações reflete a organização da sociedade brasileira até meados do século
20, quando 70% da população vivia no campo.
Todos estes elementos culturais foram,
com o passar do tempo, misturando-se e formando um dos aspectos culturais dos
brasileiros. Cada região do país tem suas características particulares. Na
região Nordeste, as festividades também são importantes economicamente, pois
muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos.
Em festas
juninas, as tradições são sempre muito importantes, mas temos que lembrar que
hoje há uma tradição que está proibida por lei pelo perigo que ela representa, a
soltura de balões. Eles são muito bonitos, mas raros de se ver, pois o risco de
incêndio nesses objetos é grande e o que todos querem é aproveitar as
comemorações em segurança.
Ilustração: Mauricio de Souza
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