Capitães da Areia - Jorge Amado
Autor:
Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto
de 1912, e passou a infância em Ilhéus. Fez os estudos universitários no Rio de
Janeiro e depois deixou o Brasil e por cinco anos viveu na Europa e na Ásia.
Morreu em 6 de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais
traduzido e conhecido em todo o mundo.
Suas principais obras são: "O país do
carnaval" (1930), "Capitães da areia" (1937), "Gabriela,
cravo e canela" (1958), "A morte e a morte de Quincas Berro
d’Água" (1961), "Dona Flor e seus dois maridos" (1966),
"Tieta do agreste" (1977) e muitas outras.
Contexto Histórico:
Escrita
na época em que a Bolsa de Valores de Nova York quebrou (década de 1930), a
obra mostra a revolta da população nordestina que gerou a Revolução de 30.
Jorge Amado é considerado um dos mais importantes militantes da época e também
um dos autores responsáveis pela criação de um novo estilo na literatura, onde
a linguagem regional e as gírias locais estão presentes.
Resumo
da Obra:
A
obra conta a vida dos Capitães da Areia, um grupo de cerca de 100 garotos
abandonados e órfãos que moram em um trapiche na cidade de Salvador, e vivem do
furto. A história gira em torno das aventuras vividas pelo chefe Pedro Bala,
filho de um famoso estivador que morreu numa greve no cais da cidade com um
tiro, e as outras crianças, das quais se destacam:
Sem-Pernas, menino coxo, que guarda um
grande ódio em seu coração por toda a sociedade, principalmente pelos
policiais, que uma vez o capturaram e o fizeram correr em volta de uma sala
enquanto o maltratavam com tapas e chicoteadas. Por ser manco, às vezes era
usado para assaltos, pois pedia ajuda a famílias ricas e ficava na casa até
identificar todos os bens valiosos do lugar, e então informava os amigos.
Gato, que recebeu esse nome por ser o
mais belo entre os meninos. Gato acaba se apaixonando por Dalva, uma
prostituta, que acaba se envolvendo com ele logo após de ser abandonada pelo
amante.
Professor, o único das crianças que sabe
ler e conta histórias para os outros. Às vezes, ganha alguns trocados fazendo
retratos das pessoas, e a maioria de seus furtos são livros, os quais ele passa
a noite lendo iluminado pela luz de uma vela.
Pirulito, que após conhecer o Padre José
Pedro, descobre um amor incondicional a Deus e sua vocação religiosa.
Volta
Seca, afilhado do famoso Lampião, e que sonha em fazer parte de seu bando
quando crescer.
João Grande, que tem o respeito do resto por
seu tamanho e sua bondade.
Boa Vida, garoto que se contenta com
pouco e não gosta de trabalho.
Ao
decorrer da história, conhecemos também o Padre José Pedro, um homem humilde
que só conseguiu entrar no seminário com a ajuda de seu ex patrão, e que faz de
tudo para ajudar os meninos a mudarem de vida; a mãe-de-santo Don’Aninha, que
cuida dos garotos quando estão doentes; o capoeirista Querido de Deus, que ensina
aos meninos as artes da capoeira e o estivador João de Adão, que trabalhou com
o pai de Pedro Bala.
Em
meio a tantas aventuras dos meninos, Volta Seca e Sem-Pernas passam a trabalhar
para o dono de um carrossel que passa pela cidade. O carrossel trás aos
meninos, menos que por um pouco tempo, a felicidade de poder brincar como
crianças novamente.
Em certo
momento, a varíola assola a cidade e um menino do grupo contrai a doença e é
levado para sua família, mas acaba que a saúde pública descobre e o interna. Um
pouco depois, aparecem Dora e Zé Fuinha, ela com 13 anos e ele com 6 anos,
filhos de vítimas da varíola, que são encontrados por João Grande e Professor e
os acolhem, já que os irmãos não tem para onde ir. De começo, os meninos do
trapiche tentam abusar de Dora, mas ela é protegida por João Grande e
Professor, e logo depois Pedro Bala percebe que Dora era apenas uma menina, e
proíbe qualquer um de tentar abusar da garota. Em poucos meses, Dora já é
chamada de irmã pelos meninos ejá participa dos assaltos. Ela acaba se
apaixonando por Pedro Bala, que tem o sentimento recíproco. Outro que se
apaixona pela menina é Professor.
Em um assalto a uma casa, Pedro
Bala, Dora, Gato, Sem-Pernas e João Grande acabam sendo pegos pela polícia, mas
Pedro Bala consegue libertar os outros, sendo detidos apenas ele e Dora. A
menina é levada para o orfanato, enquanto ele é levado para o reformatório. Lá,
ele sofre oito dias dentro da cafua, um quarto em baixo das escadarias onde o
menino mal consegue ficar em pé. Lá ele fica apenas a base de água e feijão, o
que o deixa meio doentio. Após os oito dias passados, ele é mandado para
trabalhar na colheita de cana, onde consegue se comunicar com os outros
capitães, que o ajudam a fugir do reformatório. Alguns dias após a fuga, Bala e
seus amigos conseguem retirar Dora do orfanato, de onde a menina sai muito
doente. A doença piora depois da fuga, o que entristece todo o trapiche.
Don’Aninha tenta ajudar a menina com rezas e remédios caseiros, mas não tem
muito sucesso. Após muita insistência de Dora, Pedro Bala consuma o amor dos
dois com o ato, e no mesmo dia a menina acaba falecendo. Gato vai para Ilhéus
com Dalva, onde enriquece enganando ricos fazendeiros.
Após algum tempo, os mais velhos
do grupo resolvem sair do trapiche e seguirem suas vidas: Professor conhece um
senhor que o leva para o Rio de Janeiro, onde ele começa a estudar artes e se
torna um conhecido pintor. Volta Seca resolve ir para Aracaju, passar um tempo
com os Índios Maloqueiros, os Capitães da Areia de Aracaju, mas no meio do
caminho ele encontra seu padrinho Lampião, que o aceita no bando. Pirulito se
torna capuchinho e parte para ajudar Padre José Pedro em sua nova paróquia. Boa
Vida vai aos poucos se distanciando do trapiche, e se torna um malandro da
cidade, que gosta de festas e muita farra. Sem-Pernas acaba se jogando do
elevador de Salvador numa perseguição entre a policia e os capitães, pois não
queria que a policia o capturasse e o maltratasse novamente.
Pedro Bala e os meninos que
ficaram no trapiche, então, ajudam João de Adão e um amigo, Alberto, numa
greve. Após a greve, Alberto os transforma em uma brigada de choque. Depois
disso, Bala recebe a missão de ir a Aracaju transformar a vida dos Índios
Maloqueiros, como Alberto transformou a vida dos Capitães da Areia. E então,
após passar o comando do bando para um outro menino e começa a lutar pelos
direitos da população, como seu pai fez há tempos.
Referências:
AMADO,Jorge. Capitães
da Areia. 23. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009
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