“Não sei o que ela quer”, dizia meu amigo em um suspiro
atribulado. Pobre alma, acostumado a uma vida boemia foi arrebatado por um
relacionamento sério, e agora sofria as mazelas das concepções atuais de
namoro.
Na realidade, nem eu sabia o que ela queria. “Ela não quer
que eu deixe ela com ciúmes”. Tal frase ecoou na minha cabeça de forma
retórica, afinal me negava a aceitar a condição de que, apesar de serem
namorados, ele poderia ser responsável por um sentimento que cresce em outra
pessoa.
Para ser sincera nunca entendi as reais definições de um
relacionamento sério. Sempre acreditei que as pessoas se relacionam de forma
errada e absurda. O que observo constantemente são indivíduos que se anulam e
acabam sendo sugados por um apêndice homogêneo, ou o tão afamado “nós”. Agarro-me
ao conceito de que quando o “nós” impera, o individuo perde a noção do “eu”. Inúmeras
vezes ouvi de amigos frases como “nós estamos muito cansados para sair” ou “nós
não achamos uma boa ideia”.
Não acho saudável que namorados estejam sempre juntos,
principalmente no tempo que eu chamo “hora dos Brothers”. Se alguém é incapaz
de aceitar o fato de que uma saída com os amigos não significa uma apunhalada
nas costas, acredito que tal pessoa não entende o conceito de um
relacionamento. Para sermos razoáveis, esqueçamos que um relacionamento se
sustenta na paixão, no amor ou no desejo. A meu ver, tudo deve ser fundado pelo
respeito, quando se tem esse sentimento pelo semelhante significa que você não
faria nada que traísse essa confiança que lhe é atribuída.
Pensar sobre tal assunto instala um vórtex em minha massa
cerebral. Muitas vezes creio que os indivíduos se relacionam por razões erradas
e de forma errada. Tenho dúvidas sobre por que as pessoas mudam quando iniciam
um namoro, acho tedioso entrelaçar dois universos inteiros em uma massa
homogênea chamada “nós”. Como se apaixonar diariamente pelas pequenas
peculiaridades quando se passa o tempo tentando moldar o outro a nosso gosto.
Por que as pessoas acreditam que alguém pode ser responsável pelo sentimento
alheio. Diferentemente do que vocês ouviram de Antoine de Saint-Exupéry, tu não
te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Responsáveis por seus
sentimentos são os que se deixam cativar.
Enfim, acredito que ao resolver incluir outra pessoa em sua
vida, é isso que deve acontecer, uma inclusão. Cada qual com a sua vida
particular, com seus momentos privados, compartilhando seu universo subjetivo
com alguém que ame e respeite. Como diria outro amigo meu “alguém para estar
junto e separado, alguém que te encontre no meio termo”.
Não levem como verdade minha opinião sobre tais
assuntos, nunca estive em um relacionamento duradouro. Todos sempre acabaram muito
cedo por todos os pontos que citei acima. Amanda Crissi
curti :)
ResponderExcluir