Por Carlos Souza
Pedro Dall’Agnol Ribeiro tem 23 anos e é natural de Minas Gerais, da pequena cidade de Pouso Alegre. “Eu havia me formado e queria fazer uma faculdade pública, e como eu tinha uma namorada em Guarapuava, decidi vir pra cá”, conta. Ele está há mais ou menos cinco anos na cidade, e seu envolvimento com o movimento estudantil aconteceu gradualmente. “Eu já era próximo das causas políticas desde mais novo, já que meus pais eram engajados politicamente”.
E, quando chegou em Guarapuava e começou a cursar história, Pedro iniciou sua história dentro do movimento estudantil da Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Unicentro. “No meu primeiro ano de faculdade em participei por cima do Centro Acadêmico do curso, mas foi no final de 2012 que eu conheci a galera dos movimentos aqui da cidade, esse pessoal mais da esquerda”, explica. Segundo Pedro, há uma falha muito grande dos movimentos estudantis em não promover uma discussão política mais ampla, e, para mais além, esse é um problema de toda a região de Guarapuava. “Veja o Centro Acadêmico, por exemplo. A parte mais difícil é organizar alguma discussão política, trazer o pessoal e promover essas conversas, para pensar conjuntamente um projeto novo de universidade”.
Mas, uma coisa que não pode ser deixada de lado quando se pensa no engajamento político dos jovens, tanto dos secundaristas quanto dos universitários, são as ocupações que emergiram no início de outubro no Paraná. E isso é algo que vai de encontro com o que Pedro diz, afinal, foi possível ver uma vontade coletiva de se pensar o ensino de uma forma diferente. “As coisas estão mudando, isso ninguém pode negar. E vai ser muito legal, sabe? É inevitável. Pelo menos um amigo seu ou alguém que você conhece participou de uma ocupação, e isso vai trazer novamente a discussão político para o movimento. Não tem como esses alunos entrarem na universidade e não questionarem o modelo que está aí”. E falando em ocupações, Pedro participou da ocupação do campus Santa Cruz, da Unicentro, que durou 26 dias. “Essa universidade não deve ser pensada por Aldo, Osmar, Richa ou Temer, quem precisa pensar a Unicentro somos nós, os estudantes”, disse ele num discurso para os ocupantes, na noite do dia 21 de outubro. E, um dos ganhos da ocupação foi a abertura de diálogo para a criação da comissão de direitos humanos da universidade, e ele está participando das discussões. “É importante ter um órgão que humanize a universidade, porque até então nós somos tratados como um protocolo… ‘ah, eu sofri um caso de racismo?’, eu protocolo. Eu viro mais um número, e isso não pode acontecer.”
“São altos e baixos, e são coisas que vou levar sempre na vida. O movimento estudantil me propiciou, por exemplo, participar do julgamento do quilombo Paiol de Telha, que foi lá em Porto Alegre, e a gente pode acompanhar”, conta Pedro, que acredita que essas são experiências indissociáveis do movimento estudantil em si, que valem muito mais que uma trajetória política em si. “É preciso pensar a instituição”, ele insiste em dizer. Isso porque, como o próprio Pedro explica, as pessoas fazem política - mas não assumem. “Votar, ignorar o voto, e participar do movimento estudantil… isso tudo é política. E eu gosto de participar porque não me coloco como alguém neutro, eu me posiciono. E quem me deu essa clareza foi o movimento”.
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