RONALD
DE CARVALHO
Ronald de Carvalho nasceu
16 de maio de 1893 no Rio de janeiro e faleceu dia 15 de fevereiro de 1935. Poeta,
ensaísta e memorialista. Filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho,
integrante da Revolta da Armada, 1893 a 1894, que é fuzilado pelas forças
legalistas do governo Floriano Peixoto. Criado e instruído pelo avô até 1899,
conclui os estudos primários e secundários aos 14 anos. Nesse período, ingressa
na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, e inicia a carreira de
jornalista, colaborando com a revista A
Época e o Diário de Notícias.
Publicou seu primeiro, Luz gloriosa (1913) que revela influencia de Verlaine
e Baudelaire, e ingressou na carreira diplomática (1914), estabelecendo-se em
Lisboa, Portugal. Continuou conciliando a atividade literária com a diplomacia,
publicou mais poemas, de forte cunho simbolista.
Interior
Poeta dos trópicos, tua sala de jantar
é simples e modesta como um tranqüilo pomar;
no aquário transparente, cheio de
água limosa,
nadam peixes vermelhos, dourados e cor de rosa;
entra pelas verdes venezianas uma
poeira luminosa,
uma poeira de sol, trêmula e silenciosa,
uma poeira de luz que aumenta a
solidão.
Abre a tua janela de par em par. Lá
fora, sob o céu de verão,
Todas as árvores estão cantando! Cada folha
é um pássaro, cada folha é uma cigarra, cada folha é um som...
O ar das chácaras cheira a capim melado,
a ervas pisadas, a baunilha, a mato quente e abafado.
Poeta dos trópicos,
dá-me no teu copo de vidro colorido um gole d’água.
(Como é linda a paisagem no cristal de um copo d’água!)
Publicado
no livro Epigramas Irônicos e Sentimentais (1922).
In: CARVALHO, Ronald de. Poesia e prosa. Org. Peregrino Júnior. 2.ed. Rio
de Janeiro: Agir, 1977. (Nossos clássicos, 45). p.34.
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