AUTOR: Alfredo de Freitas Dias Gomes estrutura sua carreira no teatro e na teledramaturgia brasileira, suas histórias ficaram populares também no rádio, no cinema e na televisão. Classificado como um escritor da literatura contemporânea, suas obras costumam apresentar protagonistas fortes e complexos, com problemas sociais que mostram não só uma questão individual, mas uma dificuldade vivida por muitos. Mescla suas narrativas com tradições populares, elementos de humor e devoção. A linguagem utilizada era cheia de regionalismo, e é possível ainda perceber um retrato da realidade brasileira nas obras de Gomes. Durante o regime militar, Dias Gomes teve sua novela mais conhecida censurada, “Roque Santeiro” que só pôde ser exibida em 1985 com o fim da ditadura.
CONTEXTO HISTÓRICO: Livro ganhador de sete importantes prêmios de dramaturgia, O Pagador de Promessas é encenada no ano de 1960 e adaptada ao cinema em 1962, conquistando a primeira indicação ao Oscar de um filme brasileiro. Apresentada ao público em um período de turbulência política, poucos anos antes do início da ditadura militar, traz à tona uma série de conflitos entre o Brasil rural e o urbano, são sintetizados pelo embate entre a crença popular, o sincretismo religioso, a misturadas religiões muito característica da Bahia, o dogmatismo, o ritualismo rigoroso e a burocratização da igreja. O sensacionalismo na imprensa, o repórter que distorce os fatos, e vende uma notícia falsa à respeito do Zé-do-Burro, a incomunicabilidade, a incapacidade que Zé tem de se comunicar e fazer entender sua intenção, e enfim a intolerância religiosa, Dias Gomes retrata muito bem a religião quando não se faz solidária com o povo, mas opressora, o que leva ao tumulto da história.
RESUMO: O pagador de promessas é uma peça teatral, portanto pertence ao gênero dramático. Zé do Burro, um homem muito simples, vivia na companhia da sua mulher Rosa e de seu burro por quem tinha muito apego. Certa vez o animal fora ferido na cabeça por um galho de árvore e Zé, ao ver a situação do animal, faz uma promessa à Santa Barbara, dividiria suas terras entre os necessitados e carregaria uma cruz tão pesada como a de Jesus até à igreja da Santa. Como em sua cidade não havia a tal igreja, fez a promessa em um terreiro de candomblé, onde a santa é conhecida pelo nome de Iansã. Saiu da Bahia, junto com a esposa, e caminham sete léguas até que chegaram à igreja de Santa Bárbara em Salvador. Mantendo-se firme na ideia de que a promessa só seria cumprida se ele deixasse a cruz na frente do altar, alojaram-se na escadaria da igreja, enquanto a cidade ainda dormia. Enquanto isso chega à praça o cafetão Bonitão que se aproveita e seduz Rosa, levando-a a passar a noite com ele em um hotel. Com o passar das horas, a agitação na rua começa e a igreja é aberta. Zé, dirigindo-se ao padre, explicou sua promessa. O padre ouvindo citações do candomblé se recusa a permitir a entrada de Zé na igreja. Ele, frente a isso e muito responsável em relação à promessa, afirma que só sairia dali quando a cumprisse. Uma multidão se aproxima e o homem torna-se assunto na cidade, sendo alvo de um repórter sensacionalista, que distorce os fatos e o retrata como um messias que apoia a reforma agrária. Chega ao local o delegado com alguns policiais, querendo levar Zé do burro preso, mas ele se declarando inocente e sem nada a temer afirmou que dali só sairia morto. Logo uma confusão acontece e um tiro fere Zé mortalmente. A multidão se dispersa, o padre se sentindo culpado libera as portas da igreja, algumas pessoas que estavam na praça pegam o corpo dele, colocam no sobre a cruz e o levam para dentro.
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