
Seu primeiro livro publicado, “Paisagem Interior”, foi dedicado a seu pai, em sequência foram publicados: "Música Submersa", "A Sombra do Rio", "Vida Breve", "Era Espacial" e "Trilha Sonora", "Tempo", "Correnteza", "Infinito Presente", "Sempre Palavra", "Poesia Mínima", "Viagem no Espelho", "Ontem Agora" e "Reika". Nas primeiras obras percebe-se que a poeta vai se encaminhando cada vez mais para a poesia íntima, confessional e auto indagadora em que predomina o subjetivismo, a introspecção e o mergulho no mundo interior.
Entretanto, em suas obras posteriores, nota-se que aos poucos seus poemas vão se tornando sintéticos, condensados. Vale destacar que já em sua primeira obra são publicados três haicais: “Prisão”, “Arco-Íris” e “Felicidade”. O haicai é uma forma de poesia japonesa, caracterizado por seus pequenos poemas de três versos, com cinco, sete, e cinco sílabas poéticas sucessivamente. Conhecida como grande poetisa, que conciliava perfeitamente a experiência da subjetividade com a objetividade, faleceu em 2004 aos 92 anos de idade.
Obra: “Viagem no Espelho” é uma antologia da poetisa Helena Kolody, reunindo livros publicados pela autora, de 1941 a 1986. Essa produção literária é considerada uma viagem ao contrário, como se fosse um espelho, pois os poemas aparecem em ordem inversa, iniciando-se pelos mais recentes até chegar aos primeiros. Justificando assim o título da obra, que representa a poesia breve, portanto, nela predominam os poemas curtos.
Simpatizante do haicai, Helena tem o poder de transformar sua sabedoria de vida em poemas belíssimos, ainda que seus temas possam ser densos e trágicos. O “eu lírico” em viagem no espelho vê a vida como um mistério e o simples fato de existir o fascina. A concentração verbal dos haicais kolodyanos trabalha com muito lirismo e apresenta uma sonoridade rítmica que é marcada pelo processo de elaboração criativa e lúdica. Os poemas de Reika exploram a metapoesia, ou seja, o poema diante de si mesmo. Kolody, como poetiza vigorosa, concilia perfeitamente subjetividade e objetividade, emoção e razão, com poemas densos de significado, numa atualização constante em relação à modernidade.
Nessa obra, seus poemas são sugestivos e cheios de imaginação, intelectuais e emotivos, sintetizados e modernos, marcados por uma procura semântica inventiva de múltiplos sentidos. Percebemos a presença eminente de sentimentos de fugacidade, transitoriedade, temporalidade, mutabilidade, esperança e procura. Cada livro com
características próprias, formando um todo cheio de significados. A linguagem é bastante metafórica e simbólica. Possui um transcendentalismo, um forte sentimento de humildade e reconhecimento de um atavismo ancestral.
O temperamento da autora ao escrever, oscila entre soltar-se e reprimir-se. Seus pensamentos de natureza selvagem embatem com a religião e a opressão de sua época, em um desejo constante de liberdade. Aqui ela fala de amor e paixão por meio de um “eu lírico” sentimental. Os poemas são longos e predominantes da forma clássica dos versos regulares. Há também uma forte conexão sanguínea e espiritual com sua pátria de origem (Ucrânia), ela eleva a história do seu povo e vemos o tema da migração definida pelo “eu lírico” como uma luta dolorosa. Portanto, essa obra é indicada para aqueles que queiram obter a coletânea em apenas um volume, e explorar o mundo da poetisa paranaense de uma forma única.
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