Dom Casmurro, de Machado de Assis
Narrado em primeira pessoa, Dom Casmurro foi publicado em 1900, embora a data da edição seja de 1899. O emprego de capítulos curtos, da já conhecida ironia, do pessimismo amargo e de técnicas narrativas renovadoras, como as digressões, metalinguagem e intertextualidades, mantêm-se também nesse romance.
Em Dom Casmurro, a narrativa exerce a função de uma pseudo-autobiografia do protagonista, Bentinho. Dessa forma, a memória servirá de vínculo entre a narrativa presente e a suposta verdade dos fatos, que a distância entre o passado e o presente teimou algumas vezes em nublar para o narrador. Esse resgate pela memória a partir do presente (flash-back) é, como acabamos de dizer, falho, já que o tempo incumbiu-se de distanciar os fatos do momento da escrita. Com isso, a narrativa não poderia seguir um caráter linear, nascendo fragmentada, digressiva.
Esse processo de escrita tem a nítida intenção de atribuir ao leitor o papel de explicar a maior dúvida de Bentinho: teria sido traído pela esposa com seu melhor amigo, Escobar, ou não? Ao final da narrativa, percebemos que carregamos a mesma dúvida de Bentinho, pois não conseguimos provar a culpa ou inocência de Capitu.
Helen Cadwel propôs a sua releitura, apontando Bentinho, e não a esposa, Capitu, como o problema central a ser desvendado. Dom Casmurro é um livro complexo e cada leitura origina uma nova interpretação. Machado de Assis faz no romance um fato inacreditável em sua narrativa: Ele cria um narrador que afirma algo (ou seja, diz que foi traído) e o leitor não consegue decidir-se se ele está mentindo ou não.
A visão esfumaçada do adultério é intencional. Dele o leitor só tem provas subjetivas, a partir da ótica do narrador, que nele acredita.
Personagens
Em Dom Casmurro, as personagens são apresentadas a partir das descrições de seus dotes físicos. Temos, portanto, a descrição, funcional, bastante comum no Realismo.
As personagens principais são:
Capitu-Personagem que tem o poder de surpreender : "Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de minha mãe, e minha mãe dela, que eu não podia entender tamanha explosão". A personagem nos é pintada leviana, fútil, a que desde pequena só pensa em vestidos e penteados, a que tinha ambições de grandeza e luxo.
Bentinho, também protagonista, que ocupa uma postura de
anti-herói. É o narrador e pseudo-autor da obra. Na velhice, momento da
narração, era um homem fechado, solitário e triste. As lembranças de um passado
triste e doloroso, tornaram-no um indivíduo de poucos amigos.
Dona Glória, mãe de Bentinho, que desejava fazer do filho um padre, devido a uma antiga promessa, mas, ao mesmo tempo, desejava tê-lo perto de si, retardando a sua decisão de mandá-lo para o Seminário.
Dona Glória, mãe de Bentinho, que desejava fazer do filho um padre, devido a uma antiga promessa, mas, ao mesmo tempo, desejava tê-lo perto de si, retardando a sua decisão de mandá-lo para o Seminário.
Tio Cosme, irmão de Dona Glória, advogado, viúvo.
José Dias, agregado, "amava os superlativos".
Não apenas cuidava de Bentinho como protegia-o de forma paternal.
Prima Justina, prima de Dona Glória.
Pedro de Albuquerque Santiago, falecido, pai de Bentinho.
Prima Justina, prima de Dona Glória.
Pedro de Albuquerque Santiago, falecido, pai de Bentinho.
Sr. Pádua e Dona Fortunata, pais de Capitu.
Padre Cabral, personagem que encontra a solução para o caso de Bentinho; se a mãe do menino sustentasse um outro, que quisesse ser padre, no Seminário, estaria cumprida a promessa.
Escobar, amigo de Bentinho, seminarista. Casou com Sancha, melhor amiga de Capitu. Morreu afogado depois de enfrentar a ressaca do mar.
Sancha, companheira de Colégio de Capitu, que mais tarde casa-se com Escobar.
Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho.
Padre Cabral, personagem que encontra a solução para o caso de Bentinho; se a mãe do menino sustentasse um outro, que quisesse ser padre, no Seminário, estaria cumprida a promessa.
Escobar, amigo de Bentinho, seminarista. Casou com Sancha, melhor amiga de Capitu. Morreu afogado depois de enfrentar a ressaca do mar.
Sancha, companheira de Colégio de Capitu, que mais tarde casa-se com Escobar.
Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho.
Enredo
Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida . A partir daí, inicia a contar sua história.
Órfão de pai e protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar. Morando em Matacavalos com sua mãe (D. Glória, viúva), José Dias (o agregado), Tio Cosme (advogado e viúvo) e prima Justina (viúva), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele, Capitolina - a Capitu. Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornaria-se um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois tornando-se padre não poderia casar com Capitu.
Apesar de comprometida pela promessa, também D. Glória (mãe de Bentinho) sofre com a ideia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias (amigo da família), Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior..
Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Do casamento de Bentinho e Capitu, nasce Ezequiel. Escobar morre afogado e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma pela qual Capitu contempla o cadáver. Percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo. A partir desse momento começa o drama de Bentinho. Ele percebe que o seu filho (?) era a cara de Escobar e ele já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho, muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguidos pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação da casal.
Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Capitu escreve-lhe cartas, a essas altura, a mãe de Bentinho já havia morrido, assim como José Dias. Ezequiel um dia vem visitar o pai e conta da morte da mãe. O pai, que apenas constata a semelhança entre o filho e o antigo amigo de seminário. Ezequiel volta a viajar e pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é Bentinho e sua dúvida.
Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida . A partir daí, inicia a contar sua história.
Órfão de pai e protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar. Morando em Matacavalos com sua mãe (D. Glória, viúva), José Dias (o agregado), Tio Cosme (advogado e viúvo) e prima Justina (viúva), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele, Capitolina - a Capitu. Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornaria-se um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois tornando-se padre não poderia casar com Capitu.
Apesar de comprometida pela promessa, também D. Glória (mãe de Bentinho) sofre com a ideia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias (amigo da família), Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior..
Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Do casamento de Bentinho e Capitu, nasce Ezequiel. Escobar morre afogado e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma pela qual Capitu contempla o cadáver. Percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo. A partir desse momento começa o drama de Bentinho. Ele percebe que o seu filho (?) era a cara de Escobar e ele já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho, muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguidos pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação da casal.
Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Capitu escreve-lhe cartas, a essas altura, a mãe de Bentinho já havia morrido, assim como José Dias. Ezequiel um dia vem visitar o pai e conta da morte da mãe. O pai, que apenas constata a semelhança entre o filho e o antigo amigo de seminário. Ezequiel volta a viajar e pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é Bentinho e sua dúvida.
Problemática
e principais temas
A riqueza temática de Dom Casmurro obriga os leitores a atos de profunda meditação, induzindo-os a um trabalho sério de levantamento das intenções do autor a cada momento.
De um modo geral, podemos destacar que o grande tema dessa obra é a suspeita do adultério nascida dos ciúmes doentios do narrador e protagonista Bento Santiago. É essa dúvida atroz que atormenta Bento Santiago obrigando-o a escrever essa espécie de livro de memórias para justificar-se diante de si mesmo e da sociedade. É dessa forma que Machado conduz a força temática de Dom Casmurro, não utilizando, como era habitual na literatura realista, o adultério em si, mas a suspeita do adultério.
Dom Casmurro resultaria de uma tentativa do pseudo-autor de recompor o passado, como percebemos em suas palavras: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. O que leva Bento Santiago a essa busca do tempo perdido é, indiscutivelmente, a necessidade de expurgar o sentimento doloroso da dúvida em torno da traição.
Bentinho é inseguro, fraco, ao contrário de sua mãe ou mesmo de Capitu. Dona Glória, José Dias e a prima Justina fizeram dele um menino mimado, acostumado com que lhe fizessem todas as vontades. Assim, parecia incapaz de aceitar a independência das pessoas que o cercavam. Qualquer passagem além desse limite de seu sentimento de posse, parecia-lhe uma traição. Capitu era independente, tinha vontade própria. Não costumava tomar conselhos do marido antes de qualquer atitude. O mesmo ocorre com Escobar, que já não dependia mais do dinheiro de Dona Glória, mãe de Bentinho, pois realizara-se profissionalmente.
Capitu sempre soube exatamente o que queria: casar-se com o garoto rico da vizinhança, ou seja, Bentinho. Ao contrário de Bentinho, ela é forte, consegue facilmente dissimular situações embaraçosas, como as duas primeiras vezes que se beijaram. Em ambas ela tomou a atitude inicial e também soube sair-se bem diante da mãe, e depois, do pai.
Na verdade, é dessa força de Capitu que nasce a fraqueza de Bentinho. Este não sabia o que esperar das atitudes da mulher, que seguia seus próprios passos e princípios. Isso gerava a incerteza e fazia nascer a suspeita.
A riqueza temática de Dom Casmurro obriga os leitores a atos de profunda meditação, induzindo-os a um trabalho sério de levantamento das intenções do autor a cada momento.
De um modo geral, podemos destacar que o grande tema dessa obra é a suspeita do adultério nascida dos ciúmes doentios do narrador e protagonista Bento Santiago. É essa dúvida atroz que atormenta Bento Santiago obrigando-o a escrever essa espécie de livro de memórias para justificar-se diante de si mesmo e da sociedade. É dessa forma que Machado conduz a força temática de Dom Casmurro, não utilizando, como era habitual na literatura realista, o adultério em si, mas a suspeita do adultério.
Dom Casmurro resultaria de uma tentativa do pseudo-autor de recompor o passado, como percebemos em suas palavras: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. O que leva Bento Santiago a essa busca do tempo perdido é, indiscutivelmente, a necessidade de expurgar o sentimento doloroso da dúvida em torno da traição.
Bentinho é inseguro, fraco, ao contrário de sua mãe ou mesmo de Capitu. Dona Glória, José Dias e a prima Justina fizeram dele um menino mimado, acostumado com que lhe fizessem todas as vontades. Assim, parecia incapaz de aceitar a independência das pessoas que o cercavam. Qualquer passagem além desse limite de seu sentimento de posse, parecia-lhe uma traição. Capitu era independente, tinha vontade própria. Não costumava tomar conselhos do marido antes de qualquer atitude. O mesmo ocorre com Escobar, que já não dependia mais do dinheiro de Dona Glória, mãe de Bentinho, pois realizara-se profissionalmente.
Capitu sempre soube exatamente o que queria: casar-se com o garoto rico da vizinhança, ou seja, Bentinho. Ao contrário de Bentinho, ela é forte, consegue facilmente dissimular situações embaraçosas, como as duas primeiras vezes que se beijaram. Em ambas ela tomou a atitude inicial e também soube sair-se bem diante da mãe, e depois, do pai.
Na verdade, é dessa força de Capitu que nasce a fraqueza de Bentinho. Este não sabia o que esperar das atitudes da mulher, que seguia seus próprios passos e princípios. Isso gerava a incerteza e fazia nascer a suspeita.
adaptado por Níncia Cecilia Ribas Borges Teixeira
Fonte: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/d/dom_casmurro
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