Karoline Fogaça
Um instrumento que já existe há muito tempo,
mas que vem perdendo espaço lentamente no mundo atual, a viola caipira vem sendo
esquecida ao passar dos anos. Ela não tem uma origem única, e sim uma filha das
mais variadas culturas. As violas possuem descendência portuguesa e latina, as
portuguesas vindas de instrumentos árabes como o alaúde e as latinas, que
chamamos de guitarra latina, vêem, por sua vez, tem origem arábico-persa.
Elas chegaram ao Brasil através dos
portugueses, trazidas por colonos para diversas regiões do país e utilizadas
pelos jesuítas para catequizar os índios. Pouco tempo depois, os caboclos
começaram a produzir suas próprias violas com madeiras nacionais, e aí se deu o
início da viola caipira brasileira.
Para leigos, quando se ouve a palavra violão,
logo vem a cabeça qualquer instrumentos de cordas, se a imagem de viola e
violão se misturam. A diferença entre os dois instrumento é que a estrutura do
violão é maior e possui seis cordas, já a viola possui uma estrutura menor e
dez cordas, alinhadas em pares.
A viola é mais do que um instrumento, ela é
uma herança e parte da cultura do nosso país, e para não deixar esse legado ser
esquecido há muitas pessoas que além de tocar esse instrumento, ensinam outras
pessoas a tocar também, um deles é o professor de música Robson Santos. Ele se
interessou pela viola caipira por considerá-lo um instrumento fascinante, que
abrange dois extremos diferentes e pelo seu som característico “Me interessei por ela ser um instrumento bruto e ao
mesmo tempo delicado, que
exige muito estudo para ser
executado e além disso, o que mais me encantou foi a sua
sonoridade inconfundível”.
Robson é fundador e maestro da Orquestra de
Viola Biturunense da cidade de Bituruna, no centro-sul do Paraná. A Orquestra
já existe há três anos e atualmente conta com dez violeiros (como é chamado
quem toca viola), mas todos são convidados para participar, pois basta apenas
ter o interesse pelo instrumento. A orquestra funciona com o apoio da
prefeitura do município e é ela que fornece os instrumentos, mesmo que em um
número limitado.
Maestro Robson Santos (ao microfone) e Orquestra Biturunense de Viola Caipira na 7a. Festa do Vinho em Bituruna/PR. Foto: www.bituruna.pr.gov.br |
A orquestra possui repertório diversificado,
tocando musicas do cancioneiro caipira e adaptações de outros gêneros e
estilos. Para o futuro, há projetos de gravar o primeiro CD, o que irá dar
visibilidade a esse projeto e tornará maior a viabilidade de a orquestra
participar de festivais nacionais de viola, conta Robson.
Não devemos deixar as tradições de lado, e é
isso que Robson está fazendo, transmitindo o seu conhecimento sobre esse
instrumento que já existe algumas dezenas de anos. Além disso, quem quer
conhecer mais sobre o assunto e conhecer alguns nomes de grandes violeiros deve
procurar por Tião Carreiro, que na opinião de Robson foi o melhor de todos,
pois não está mais entre nós, mas na atualidade ainda há nomes como Marcus
Biancardini, Junior da Viola, Luciano Queiroz, Braz da Viola e Almir Sater que
mantém vivo o som da viola no século XXI.
Orquestra Biturunense de Viola Caipira na 7a. Festa do Vinho em Bituruna/PR. Foto: www.bituruna.pr.gov.br |
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