Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro
- MG, em 31 de outubro de 1902. Estudou em Minas Gerais e Rio de Janeiro, começou
sua carreira de escritor como colaborador no jornal Diário de Minas. Muito
admirado por suas obras e seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no
Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987.
O autor escreveu sua principal obra “A
Rosa do Povo” entre 1943-1945, época em que o mundo passava por grandes sofrimentos.
É possível sentir a tensão que obrigava Drummond a transformar sua poesia em um
instrumento de combate aos horrores da II Guerra Mundial, ao autoritarismo do
Estado Novo e a ditadura de Getúlio Vargas.
A Rosa do Povo é o mais extenso e o
mais variado dos livros de Drummond (55 poemas). A divisão abaixo corresponde a
um esquema estabelecido pelo próprio escritor em sua Antologia poética: a
poesia social; a reflexão existencial (o eu e o mundo); a poesia sobre a
própria poesia; o passado; o amor; o cotidiano; a celebração dos amigos.
Poesia social
Pelo
menos vinte e quatro dos cinquenta e cinco poemas de “A Rosa do Povo” podem ser
enquadrados na temática “a poesia social” na qual a angústia subjetiva do poeta
transforma-se em engajamento e compromisso com a humanidade. De certa forma, é
possível distinguir neles uma espécie de sequência lógica que revela as
mudanças de percepção do poeta face ao fenômeno social.
O
próprio título da obra já traz uma simbologia das ideias sociais: uma rosa
nasce para o povo, será a poesia para o coletivo? E Drummond acrescenta ao tema
social seu desencanto, seu pessimismo. No poema "A flor e a Náusea",
os versos expressam a indignação do poeta diante da situação socioeconômica e
política do país e do mundo. Falam da imprensa, dos crimes não publicados, dos
jornais que não leem e a vida cotidiana. A flor simboliza a luta, o não
conformismo, assim por diversas vezes flores são símbolos de solução nos poemas
desse livro. A náusea vem do o mal-estar diante das "fezes, maus
poemas, alucinações e espera" diante do caos social.
Diante
deste inconformismo dos artistas com a crueldade que se via no mundo em geral
(a impotência da poesia só para criar beleza), o mineiro Drummond tem uma
pergunta que nunca deixou de se fazer: para que serve a poesia? E demonstra sua
importância no poema "Carta a Stalingrado", onde o autor diz que a
poesia foi parar nos jornais.
Poesia Metalinguística ou
Poesia sobre a própria Poesia
É
escrever poesia falando sobre o próprio ato de fazer poesia e esse é um dos
temas mais caros ao poeta, ele acredita na força da "palavra
poética". A metapoesia, também conhecida como poesia metalinguística é bastante
empregada, onde o escritor aborda o próprio fazer poético como tema de seus
poemas. No primeiro poema do livro, "Consideração do
poema", Drummond assegura que apesar de tudo, devemos fazer poesia, mas
uma poesia urbana, de um poeta "antenado" deve sair modernista, ou
seja, sem que nenhuma tradição a atrapalhe, sem rimas, sem estrofes, sem o
cheiro do que é antigo.
Poesia Do Passado
A
ideia do passado e de suas infinitas recordações afeta profundamente a criação
poética de Drummond, tanto que alguns de seus mais celebrados poemas giram em
torno deste baú de lembranças que, aberto, deixa entrever uma formidável
multiplicidade de experiências pessoais, familiares e históricas. Em resumo, o
passado é apresentado da seguinte maneira na poesia de Drummond:
1- O registro realista do quadro familiar e sociocultural do interior rural mineiro de fins do século XIX e início do século XX, (Poema “Retrato de Família”).
2- A evocação de um mundo estritamente pessoal,
formado por fatos, palavras e sentimentos que tiveram eco ou atingiram a
subjetividade do jovem poeta (Carlos);
3- A projeção do passado (pessoal, familiar, social)
no presente, fazendo com que toda a indagação daquilo que ficou para trás seja
também uma indagação da identidade atual do poeta e dos outros remanescentes do
universo rural / provinciano, recuperados por uma memória que os interpela
incessantemente, (Poema “Nova Canção do Exílio” - paródia e homenagem a
Gonçalves Dias).
Referências Bibliográficas
ANDRADE,
Carlos Drummond de. A Rosa e o Povo.
Rio de Janeiro: Record, 2001.
De - Dayse Pedroso Moura
Por: Diana Pretto
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