Acessibilidade
direito ou obrigação?
A acessibilidade faz parte de um
pequeno universo: os dos deficientes visuais e físicos. Porém está em toda
parte, talvez você não perceba por não precisar ou não se importar. Afinal, direito
ou obrigação?
A acessibilidade
é uma maneira de facilitar a vida das pessoas, sejam eles deficientes físicos,
visuais ou auditivos. E para aqueles que
não entendem existe leis que garantem esses direitos, uma delas é o Decreto n°5.296/2004, que regulamenta as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000. A primeira dá prioridade de atendimento às pessoas com
deficiência e mobilidade reduzida, e a segunda estabelece normas e critérios
para a promoção da acessibilidade delas.
A acessibilidade não acontece só em novelas, filmes ou
propagandas de TV. Não é uma realidade distante da nossa. Não precisamos ir
muito longe, basta começarmos pelo nosso pequeno mundo, a Universidade.
A Unicentro conta com 19 alunos que precisam de
acessibilidade, seja nos corredores ou nas salas de aulas. Esses alunos se
dividem entre o campus de Pitanga, Santa Cruz e Cedeteg.
Começamos pelo simpático aluno do terceiro ano de
administração da Universidade: Américo Prado Ramos, de 28 anos. Sua cegueira
não foi de nascença e muito menos provocada por uma doença genética. Foi por
causa da diabete, que acontece devido a falta
de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus
efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. Américo conta tudo isso com a maior tranquilidade, pois
apesar de tudo já esta acostumado com a cegueira.
Além de sua fiel bengala que usa para se locomover pela
Unicentro, Américo conta com ajuda de Paulo Cezar Witeck Moraes, 19 anos. Seu
amigo e tutor. Foi no início de 2014 que Paulo começou a desenvolver suas
atividades como tutor de Américo. Os dois cursam Administração e estão no terceiro ano. Durante o curso, Américo precisa de materiais adaptados e provas
diferentes devido sua deficiência visual. E para a questão de acessibilidade na
sala de aula a Unicentro conta com o Programa de Inclusão a Acessibilidade, o
PIA.
No PIA os professores entregam via e-mail os matérias sem
modificação nenhuma pra os estagiários do setor e então eles modificam e
digitalizam esse material. Explica umas das estagiárias que já trabalhou no
setor Aline Grudeski como funciona a adaptação do material: “É normal, é como se eu pagasse um
texto, convertesse e pudesse fazer modificações nesse texto, esse conversor
pegava e, por exemplo, a palavra mulher o E e o R ficava como C não tinha como
Ler, eu vendo visualmente ficava mais fácil de saber que estava escrito errado,
mas quando a pessoa não pode ver ela só ouve fica muito difícil dela
compreender.”
Esses
materiais depois de modificados eram enviados novamente para os professores ou
os próprios alunos pegam no setor.
Umas
das estagiárias que também é deficiente visual e faz a ultima revisão nos
materiais e Evelize Vascos. Evelize é
graduada em química e perdeu a visão enquanto terminava a graduação, como o
Américo ela perdeu a visão devido à diabete.
Já no campus
CEDETEG, Para João Foi superimportante a criação do setor do PIA no campus onde
estuda. “O programa de inclusão a acessibilidade fornece os matérias
diariamente Quando precisamos, então, eles trazem impressos, Xerox”.
Nas
salas de aula os alunos recebem o auxilio do PIA, já nos corredores a história
e um pouco diferente. Apesar de Américo
estar acostumado com a cegueira nada justifica o fato do elevador da
Universidade não estar funcionando. Além disso, Américo fala que “Não são todos os
professores que estão adaptados pra trabalhar com a gente. Eu acho que deveriam
ter uma capacitação para poder lidar com a situação.”.
Apesar
do PIA e alguns pontos de acessibilidade na Unicentro, o Américo, a Evelize e o
João falam que a pior barreira é a do preconceito e a forma como as pessoas
enxergam negativamente os deficientes visuais.
“A
gente tem capacidade para trabalhar, para produzir, tem direito de autonomia e
respeito em qualquer espaço.” Explica Evelize.
Por Alice Grudeski
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