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O
ideal de beleza, continua, sendo o ideal de menos gordura e mais “ossos a
mostra”, que consiste no dia-a-dia impor em revistas, desfiles de moda, cinema,
etc. o discurso de que a mulher deve dedicar-se a seu corpo, não importa a
forma. E quem não pode ir a academia, ou, ter uma alimentação a base de saladas
e carnes magras, acaba, infelizmente, optado por métodos rigorosos e que afetam
o corpo e a mente.
Segundo a revista Ciência
Hoje, em cada grupo de 10 pessoas doentes uma se suicida ou morre vitima de
parada cardíaca ou desnutrição. A principal característica de um distúrbio
alimentar é afetar o psicológico e levar todos os dias alguém a assumir uma
dieta rigorosa que muitas vezes não tem volta.
A
estudante de História da Unicentro G.L, 19, ainda se sente oprimida ao se
lembrar da sua oitava série. Com quatorze anos a jovem estudava por meio de
bolsa em uma escola particular na cidade de Apucarana – Paraná, e se sentia
oprimida por não estar dentro dos padrões de suas colegas. “Não tinha condição igual às outras meninas e
sei lá era uma pressão. Todas magras, roupa de marca e todo mundo muito igual.
E eu sempre fui mais gordinha”, conta. A situação de conviver com pessoas de
corpo que G. e a mídia julgavam perfeitos fez com que a garota decidisse deixar
de comer. Durante dias e dias travava uma batalha com seu estômago e não
colocava nada mastigável na boca, quando a fome apertava comia com exageros até
chegar à culpa que a forçava a vomitar.
Em
uma busca por dietas milagrosas na internet e deixar de se alimentar, G.
decidiu contar para sua psicóloga o que acontecia. “Eu nunca consegui falar
muito disso, e ela percebeu. Aos poucos ela foi fazendo eu perceber que o
padrão de beleza que eu achava legal não era o que eu tava tentando ter”,
afirma. A tentativa de esconder de todos que a cercavam fracassava. Seu
namorado na época e uma amiga começaram a perceber que havia algo de errado. A
estudante era monitorada e seu namorado não baixava a escolta por no mínimo uma
hora e meia depois de sua alimentação. Após três anos com o trauma G. ainda não
se considera totalmente livre do distúrbio, mas se sente feliz como é hoje. “Não
me incomodo mais tanto, passei três anos, é difícil dizer que superei 100%”,
descreve.
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Vanessa
Lora é estudante de Direito, 17, e na passagem
dos treze para os quatorze começou a ter crises isoladas de vômito um sintoma
de bulimia. “Não era contínuo como foi ficando com o passar do tempo”,
relembra. Mesmo com conhecimento das consequências de provocar a doença, Vanessa
travava uma batalha com seu psicológico que não á deixava abandoná-la. “Um certo dia meus pais se deram conta do que
estava acontecendo comigo e, após uma briga feia eu acabei falando que se eles
quisessem me ajudar deveriam procurar uma psicóloga
para mim”, reconhece .
Após um ano e meio de bulimia Vanessa vê que
além de problemas pessoais foi influenciada pela mídia e padrões sociais,
desencadeado a ansiedade. O tratamento com psicólogo fez com que melhorasse a
forma como via sua autoimagem e autoestima. As recaídas ainda acontecem. Por
ser uma doença psicológica, a bulimia não tem cura e sim controle. Vanessa
procurou uma nutricionista e emagreceu de forma saudável, hoje não tem
acompanhamento desses profissionais, mas procura seguir os conselhos. “Acho que
é uma doença subestimada, a maioria das pessoas acha que é besteira, coisa de
adolescente, mas, infelizmente, não é e ainda faz muitas vitimas”, completa.
Jacira
Balardin Mussatto é acadêmica do oitavo período de Psicologia da FADEP
(Faculdade de Pato Branco), e afirma que os estudos sobre distúrbios
alimentares ainda precisam ser aprofundados. Pesquisas, tempo e dedicação são
necessários para esclarecer transtornos que atingem jovens de formas variadas e
a formação nesse meio precisa ser desenvolvida. A estudante conta sobre como o
tema foi colocado em sua sala de aula. “Nossa turma
fez apresentações embasando o assunto, e tivemos uma leve explicação, mas
acredito que deveria ser disponibilizado mais tempo e dedicação para
esclarecimento de tais transtornos, devido á gravidade”. recorda. Na
adolescência uma de suas amigas sofreu anorexia, a partir disso Jacira passou a
se abrir para o tema. Hoje, na faculdade percebe que não mudou a visão que possuía
sobre distúrbios e se vê envolvida e interessada pelo assunto.
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A
psicóloga Eva Oliveira afirma que antes dos doze anos é raro encontrar meninas
que sofram de bulimia. A compulsão alimentar é o principal sintoma e surge
quando as jovens e adolescentes procuram dietas exageradas. No início o trauma
se relaciona a fome, mas com o tempo passa a uma compulsão entre
alimentação-purgação, ou seja, depois de se alimentar ficam frustradas, tristes
e com crises de ansiedade. Fatos assim ocorrem escondidos de pais e amigos,
pois, na maioria das vezes, desperta vergonha e um sentimento de autopunição.
“O vômito auto induzido ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo, portanto o
principal método utilizado. O efeito provocado pelo vômito é o alivio do
desconforto que vem após á alimentação e principalmente a redução do medo de
ganhar peso”, esclarece.
A
frequência e o modo como o transtorno afeta cada paciente é diferente. Uma
pessoa bulímica pode vomitar até 10 vezes por dia, nos casos mais graves. É
comum para os jovens criar diferentes formas de induzir o ato, com a evolução
da gravidade algumas pessoas passam a fazê-lo sem estimulação da mão ou
objetos. A psicóloga também afirma que o controle de peso passa a ser feito com
ingestão exagerada de medicamentos. “Há dois tipos de pacientes com bulimia os
do tipo purgativo que utilizam laxantes, vômitos, diuréticos e outras drogas. E
os classificados como não purgativo que usam apenas de dieta, jejuns e
exercícios”, explica.
Para
Eva, muitas vezes a paciente não percebe que a neura se transforma facilmente
em distúrbio. “Há uma ausência completa de percepção da pessoa sobre sua
condição de saúde física e emocional, a mesma entra em um ciclo de negação dos
riscos, não identificando que está em processo de adoecimento”, afirma. Quanto
ao tratamento é importante a familiarização dos envolvidos, diagnósticos
precoce e a visita psicológica ou terapêutica adequada para tratar dessas
condições. “É de extrema importância que a família e os amigos estejam inseridos
neste processo, contribuindo com apoio afetivo para que o paciente possa ter
qualidade de vida social e individual”, aconselha.
Texto:
Sabrina Ferrari
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