Geyssica Reis
O grande debate que sempre girou em torno do graffiti, é o que realmente pode ser considerado arte e o que é simplesmente pichação. O graffiti geralmente se define como sendo desenhos ou escritas de uma forma mais elaborada e feitos de uma forma consentida pelos proprietários dos locais ou em caso de lugar público com autorização. Já a pichação é compreendida como uma ação ilegal e se apresenta somente com assinaturas de nomes ou grupos que pretendem “marcar” os locais.
Em 2011, foi sancionada pela Presidente Dilma Rousseff a lei 12.408, que além de proibir a venda de sprays a menores de 18 anos e continuar considerando crime a pichação (Art. 65 da Lei nº 9.605/98) determina o que o graffiti não é proibido quando: “a prática de graffiti realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente”. Agora, a lei brasileira já diferencia o grafite da pichação.
O fato de esta lei existir não mudará a forma de todos pensarem no graffiti. E muitas vezes, ainda, poderá existir dúvidas de quando realmente graffiti é arte. Há ainda os que digam que pichação e graffiti são próximos e que todo grafiteiro um dia realizou pichação. Por isso, é importante não somente julgar mas sim conhecer de fato a arte urbana e saber analisar criticamente as muitas pinturas que estão pelos muros das cidades.
Aqui em Guarapuava, apesar de não haver muitas discussões e divulgação do graffiti, pode-se observar que há muitos desenhos pelos muros. Trabalhos mais elaborados e outros somente considerados pichação.
A grafiteira guarapuavana Flávia Soares, 21 anos, é um exemplo. Ela diz que sempre foi apaixonada por desenho e pela rua. “Em 2008 eu já fazia pix (modalidade do grafite), tive a sorte de conhecer o Caverna da BFM Crew (grupo de grafiteiros que pintam juntos). Um dos artistas mais geniais, os trabalhos dele são de sensibilidade indescritível, desde pequena via e pirava nos trampos dele pela cidade, desde então não sai mais desse mundo da arte”, comenta Flávia.
Ela diz que pichação é uma palavra que carrega muito sensacionalismo, fala que este ato perdeu a essência ao longo do tempo, mas tem muita intervenção boa. Diz gostar de intervenção inteligente, que faz com quem olha, parar, pensar e refletir sobre o que vê, comenta ela, “ás vezes você está ali no teu cotidiano, no contexto urbano cinzento e diário e tu vê uma frase seja de amor, humor, protesto aquilo muda tua percepção. Acho que pichação depende muito do ponto de vista”.
Quando questionada o porque de se realizar esta arte, ela me responde que não tem uma explicação concreta, é uma essência. “Não realizo por dinheiro, nem por status, é uma forma de expressão, de amor”.
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