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Ninguém merece mas ela existe

Não me lembro da data exata, mas deveria ser dois mil e cinco ou dois mil e seis, era mais um dia normal para uma criança de oito anos, era...
A família toda estava na sala como era de costume sempre depois do jantar, algumas vezes já com a louça lavada, outras não, mas enfim, estávamos lá, nós quatro: eu, meu pai, minha mãe e minha irmã.
Não é que de repente minha mãe cai dura no colchão que por sorte estava ali no chão da sala?
Foi aquela correria, meu pai gritando “chama tua vó, chama rápido” (eu e minha avó somos vizinhos), fui correndo até a porta da cozinha chama – lá, porém, sem sucesso, pois já era noite eu ainda tinha medo de escuro, mas como faço até hoje, gritei e ela veio.
Eu e minha irmã chorávamos, pois nunca tínhamos visto alguém desmaiar e não sabíamos o que estava acontecendo... Ufa, o susto passou, minha mãe estava de volta.
Essa mesma situação se repetiu mais algumas vezes, até que descobrimos, claro, com a ajuda do médico, que minha mãe estava com depressão. Olha, não desejo isso a ninguém, isso que eu digo de ter que enfrentar a doença mesmo não tendo ela.
Remédios e mais remédios o tempo todo, o dia era trocado pela noite, pois a ansiedade que é uma das causas da depressão, não deixava minha mãe descansar, o cérebro ficava a mil justo na hora de dormir.
Foram anos seguidos na mesma situação, na verdade até hoje é assim, porem com algumas mudanças. Eu agora sou um “quase” adulto e minha irmã é debutante, ambos já não moram com os pais a algum tempo, cinco e dois anos fora de casa, respectivamente.
foto/reprodução: Pixabay
Mas afinal de contas a depressão nos ensina algo? Sim, e muito, mesmo que seja a força. Todos lá em casa, principalmente eu, meu pai e minha irmã sabemos que não é fácil, e que ligar todo dia no final da tarde ou no começo da noite para dizer um “oi, tá tudo bem ai? ”, e ir pra casa nos finais de semana sempre que possível, faz muita diferença. E para aqueles que não sabem, família unida é a principal arma contra o que alguns chamam de “mal do século.

Enfim, talvez essa história ainda se repita na família por alguns anos, eu espero que não, porque sei como é, envolve muita gente, posso dizer que a família toda, avós, tios, sobrinhos e tudo mais, até vizinhos. O psicológico fica cansado, mas ainda bem que em partes essa não é verdade.
- Dusi

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